Judite Sousa: “Fui obrigada a reformular a minha existência”

Foto: Reinaldo Rodrigues/Global Imagens

TEXTO: Alexandre Oliveira Vaz

Quase três anos depois da morte do seu único filho, Judite Sousa continua a viver à sua maneira essa “dor inigualável”, que até hoje “existe dentro” de si. No livro “Pensar Sentir Viver”, à venda a partir de 5 de maio, a jornalista fala abertamente sobre o desaparecimento físico de André.

A data está prestes a ser assinalada pela terceira vez. Em 29 de junho de 2014, Judite Sousa recebia a notícia mais triste que uma mãe poderia ter: o filho, André de Sousa Bessa, acabara de perder a vida, não resistindo às consequências de uma queda numa piscina.

“Em 2014, fui amputada do meu bem mais querido. Os filhos que perdem os pais são órfãos. Os pais que perdem os filhos são o quê? Não há palavra, olhar, gesto, que seja capaz de dizer aos outros a dimensão da dor, do sofrimento psicológico e físico”, afirma Judite Sousa no livro “Pensar Sentir Viver”, que reúne as resposta da jornalista da TVI a uma entrevista ao psiquiatra e professor universitário Diogo Telles Correia.

Os meses seguintes à morte do único filho que tinha, fruto de uma relação passada com Pedro Bessa, foram de uma grande introspeção para a jornalista. Judite teve contacto com outros casos semelhantes ao seu, de que também fala nesta obra. “Infelizmente, na sofreguidão com quem percorremos este trajeto sem sentido, só alcançamos a dimensão do nosso vazio quando paramos. E eu parei. Fui obrigada a pôr muita coisa em causa e a reformular a minha existência. Deparei-me com uma dor inigualável, que não tem cor, não tem forma mas existe dentro de mim. Apercebi-me de que vivemos rodeados de pessoas que sofrem mentalmente, com ansiedade, com depressão ou com situações mais graves, que a todo o momento não encontram solução senão abandonar este mundo (…) Encontrou-se a minha inquietação sobre as questões da mente, nesta fase em que mergulhei no seu universo, por fui obrigada a tal (…)”, poderá ler-se no livro, segundo escreve a revista Flash!.

«Pensar. Sentir. Viver.», de Judite Sousa e Prof. Doutor Diogo Telles Correia, nas livrarias a 5 de maio."Os…

Publicado por Pensar Sentir Viver em Quarta-feira, 19 de Abril de 2017

Recorde-se que os últimos três anos não têm sido pacíficos na vida da pivô da estação de Queluz de Baixo. Após a confirmação da morte, Judite fez um hiato de dois meses do pequeno ecrã. Em 2015, por altura da passagem do primeiro ano da morte de André, Judite Sousa foi encontrada sem sentidos em sua casa e teve que ser transportada para o hospital. No último dia 11, André completaria o 32º aniversário e a profissional de televisão marcou esse dia com uma imagem de um sol no seu Instagram. “Lembra-te quando eras jovem, brilhavas como o sol”, pode ler-se.

Diretora adjunta de Informação da TVI, Judite Sousa tem estado na última semana em França, na cobertura das eleições presidenciais francesas, cuja segunda volta se realiza a 7 de maio, entre Emmanuel Macron e Marine Le Pen.