Beijos, alento e muitos autógrafos. Eis Judite Sousa na Feira do Livro

“Posso dar-lhe um beijinho?” Durante cerca de uma hora, Judite Sousa recebeu o carinho popular na primeira enchente na Feira do Livro de Lisboa.

A jornalista e o médico Diogo Telles Correia, co-autores do livro “Pensar, Sentir, Viver”, chegam ao recinto da Feira, no Parque Eduardo VII, em Lisboa, à hora marcada. No espaço “Autores que nos Unem”, área que abarca os stands das etiquetas do Grupo Porto Editora, uma mesa redonda, duas cadeiras e dois bancos esperam pela dupla.

Atrás de um biombo, três caixotes cheios de livros aguardam os autógrafos. “Se calhar, o melhor é sentarem-se e irem começando a assinar. Temos aqui três caixas com livros já vendidos à espera das vossas assinaturas”, explica uma colaboradora do grupo.

Os autores sentam-se e começam a assinar em série. Judite Sousa, calças brancas, blusa “bordeaux”, está maquilhada e penteada. Sorri para quem passa. “Sinto-me cansada, mas estou bem”, confidencia à reportagem da N-TV.

Veio acompanhada da irmã, que se senta ao seu lado, e da sobrinha, que aproveita para ir dar uma volta ao recinto. Judite vai assinando os livros em catadupa e vai olhando para o relógio. “Ainda tenho de ir para a TVI, que tenho o ‘Jornal [das 8]’ para apresentar”, conta.

“Já viste quem ali está? É ela, é”, diz uma senhora que passa, enquanto dá um toque com o cotovelo no marido. Param um bocadinho, como que a descansar. Mas olham para a diretora-adjunta de informação da TVI para se certificarem que é mesmo ela. É. “Posso dar-lhe um beijinho, dona Judite?”, ganha coragem e pergunta. A jornalista levanta a cabeça do livro que assina e sorri. “Claro que sim, com todo o gosto”.

A cena sucede-se uma, duas, cinco, dez vezes. Um beijinho, uma fotografia, um carinho. “Gosto muito de si. Entra-me em casa todos os dias”, diz outra admiradora. Judite agradece e sorri. “E olhe que vim cá só para a ver”, garante, acrescentando que, à noite, voltará a vê-la na TV.

“As pessoas têm um grande carinho por mim, isso é inegável. Sinto que sempre tiveram, mas sei perfeitamente que nos últimos três anos esse sentimento reforçou-se”, confidencia à N-TV, numa alusão à morte do filho, André Sousa Bessa, a 29 de junho de 2014.

A apresentadora sabe que são essa força e a sua necessidade de continuar a trabalhar que a mantêm presa ao mundo. “É uma mulher de muita força, de muita coragem. Quero que continue assim, não desista”, diz-lhe outra popular, enquanto lhe dá um beijo na face.

“Pensar, Sentir, Viver” foi lançado há menos de um mês e já vai na quarta edição. “Ficamos muito felizes com isso, porque é um sinal de que as pessoas estão atentas às doenças mentais. Não é uma surpresa absoluta, porque é natural que tendo a Judite Sousa associada já se sabia que seria um sucesso”, explicou o médico psiquiatra Diogo Telles Correia, co-autor da obra.

Judite, porém, coloca os pontos nos is. “Este não é o livro da Judite, não é o livro do sofrimento da Judite nem do luto da Judite. Este é o livro em que a jornalista Judite Sousa faz perguntas ao médico Diogo Telles Correia, sobre os problemas das doenças mentais, que são várias, de diversa ordem e que merecem ser conhecidas pelos portugueses”, conclui.

TEXTO: Nuno Azinheira