Da janela do “Jornal 2” cabe o mundo em 35 minutos. E tem música e tudo.

Passa pouco das 14h00 e o jornal está alinhavado. Só vai para o ar às 21h30, mas a pequena equipa que o prepara começa cedo a trabalhar o “Jornal 2”, um informativo “feito no Porto, mas com os olhos postos no país e no mundo”.

João Fernando Ramos, a jornalista Helena Cruz Lopes, a produtora Maria Costa Lima e o realizador Sérgio Tomás estão sentados à volta da mesa na redação da RTP no Porto. Todos os dias, a rotina repete-se. Ao início da tarde, a reunião permite “mastigar o mundo” e “perceber o que interessa”. “Queremos trazer mais-valias ao jornal, queremos que ele seja útil para quem o vê”, assume à N-TV João Fernando Ramos, o coordenador do jornal e o homem que há três anos ajudou a colocar de pé e dá a cara por este formato.

“A equipa é pequena mas muito boa. Há sempre boas ideias, uma grande proatividade. Nunca temos ideias fechadas. Muitas vezes, chego com uma ideia à reunião e ela acaba por ser melhorada ou até substituída por outra”, explica o jornalista, de 52 anos.

Esta segunda feita não há grandes surpresas no alinhamento. “Vamos abrir com a história da TAP, das nomeações, que é o assunto do dia. Vamos olhar a empresa, perceber como ela evoluiu nos últimos anos”, explica, acrescentando que as eleições francesas, e a vitória de Macron, terá também destaque ao longo dos 35 minutos de emissão.

É pouco tempo?, perguntamos. Não, responde João Fernando Ramos. “É o suficiente para contar o que de mais importante se passou no país e no mundo, contextualizando, explicando. Ao longo destes três anos, o público já mostrou que vem ao Jornal 2 porque quer e não por acaso”.

A cenografia, simples e aberta ao mundo, com três janelas, “é a forma a ajudar o conteúdo”. Por isso, diz, “a presença do realizador e do grafista na reunião é sempre fundamental, porque são eles que nos vão ajudar a passar a mensagem de forma mais eficaz”.

Há três anos, quando foi apresentado, o “Jornal 2” tinha essa novidade de ter os convidados e o pivô de pé. “Na nossa vida real, quando temos conversas rápidas, quase de corredor, também não nos sentamos, ficamos de pé. É mais envolvente, e permitimos ao espectador que fique de lado a olhar, sem necessidade de recorrer àquela posição artificial numa grande mesa tipo nave espacial”, brinca o pivô.

Hoje constata “com agrado” que “são muitos os espaços informativos que já tem os pivôs e os convidados também de pé”. “É um bom sinal, é sinal que estávamos a pensar bem na RTP quando decidimos fazer este jornal”.

João Fernando Ramos aponta ainda como “razões do sucesso” para o “Jornal 2” a “diversidade de temas” e, sobretudo”, ” a opinião de novas pessoas”.

“Não queremos ter sempre as mesmas pessoas a comentar. Queremos pessoas diferentes. Procuramos trazer sempre gente que acrescente alguma coisa de novo à informação”, diz João Fernando Ramos.

E aponta como exemplo “os sábios que são recrutados nas universidades e que são verdadeiros especialistas dos assuntos”.

“Todos os dias temos gente a entrar em direto de todo o lado. E é por isso que dizemos que este jornal é feito no Porto mas com os olhos postos no país e no mundo”. É um programa “vivo”, “desformatado”, “sempre com uma forma diferente de ver o mundo”.

Tão vivo e tão desformato que esta segunda-feira até tem música ao vivo e em direto. “O Jornal 2 é um espaço claramente alternativo, até na forma de falar de um disco ou de uma banda. Esta é uma das nossas marcas distintivas. O Ivan Lins fez uma conversa ao piano aqui. O Rui Massena estreou cá o disco. O Sérgio Godinho e muitos outros, idem. Por isso, vamos continuar a ter música no fim de um olhar para as notícias que marcam o dia”, conclui.

 

TEXTO: Nuno Azinheira