“Fear the walking dead”. Fomos ao México confirmar: mais ação, mais política

A terceira temporada de “Fear the walking dead” chegou esta semana ao AMC. A N-TV esteve no México a acompanhar as gravações da série de sucesso.

Com um ritmo narrativo mais acelerado e mais politizada. É assim que promete ser a terceira temporada de “Fear the walking dead”, a série criada por Robert Kirkman e Dave Erickson, que serve de prequela ao apocalipse de “zombies” do fenómeno de popularidade “The walking dead” e que se estreou segunda feira em Portugal no AMC, com o primeiro de 16 episódios.

Em entrevista à N-TV no México, onde é gravada a maior parte da série, Dave Erickson explica que as mensagens políticas subliminares, que já existiam antes na trama, como as da violência policial ou a da crise dos migrantes, não são uma coincidência. “Quando se escreve uma história num ambiente político como o que temos agora, é inevitável que façamos paralelismos com a atualidade. E acho que isso é bom. Esta temporada é mais politizada, com a questão da fronteira [entre os EUA e o México, na fuga das personagens face à epidemia de “zombies”] e a colisão de diferentes culturas, ideias e linguagens. É definitivamente, a mais sombria das temporadas”, revela o responsável por “Fear the walking dead”.

Colman Domingo, que interpreta Victor Strand na série, concorda. “A parte interessante nesta leva de episódios é que, apesar de existir uma fronteira, ela já não funciona na realidade [devido ao apocalipse]. E aqui são as personagens norte-americanas que são os refugiados. E como temos várias nacionalidades na nossa equipa, é maravilhoso ver que, no final de contas, conseguimos fazer algo bonito se nos juntarmos todos. Aprendemos a ver o nosso lado humano”, frisa o ator norte-americano.

Kim Dickens, que dá vida à protagonista da trama, Madison, a matriarca da principal família de sobreviventes, confessa à N-TV que aquilo que mais a atrai na sua personagem é o facto de esta ser “multifacetada, com várias camadas e muitos defeitos, não deixando de ser, ainda assim, uma guerreira”. A atriz que já participou em séries como “House of cards” acrescenta que já tirou várias lições de vida desde que entra em “Fear the walking dead”. “Não só aprendi que é ótimo ser desafiada, uma vez que nunca pensei que encaixasse neste género de séries, como também comecei a refletir sobre várias coisas. Se perdêssemos a Internet, é impressionante a quantidade de coisas que deixariam de funcionar logo de seguida. Dá que pensar. Coisas deste género. A América está um pouco instável neste momento. Começas a pensar naquilo que serias mesmo capaz de fazer se as regras do jogo, de repente, mudassem”, conta Kim Dickens.

O co-criador da prequela de “The walking dead” adverte os fãs da série: “Uma das partes mais interessantes desta terceira temporada é vermos o quanto mudaram estas personagens [desde o início do apocalipse “zombie”]. Vão vê-las como pessoas diferentes. Esse, para mim, foi um dos maiores desafios”, revela à nossa revista Dave Erickson. O ator Colman Domingo adianta que esta será uma das maiores surpresas nos novos episódios. “Existe aqui uma desconstrução destas personagens. A única coisa que interessa é sobreviver. Chegou a altura de encararem os seus medos, que residem naquilo que estas personagens são no seu interior. Já não há espaço para relaxar ou para moralismos. Ou lutas pela tua vida, pela da tua família e da comunidade onde estás, ou ficas pelo caminho”, remata o ator.

Um ambiente bem diferente daquele que existe nos bastidores das gravações, como os três fazem questão de frisar. A protagonista Kim Dickens conta que acaba por ser “a mãe do grupo”, representando habitualmente os atores quando surgem assuntos por resolver com os produtores, e Colman Domingo revela que a atriz Mercedes Masohn (Ofelia na série) é quem conta mais piadas nos bastidores. “E costumamos muito rirmos a meio de uma cena, mas rapidamente nos recompomos. Temos que descomprimir do apocalipse de vez em quando”, ri-se Domingo.

Gravações nos estúdios de “Titanic”

A maioria de “Fear the walking dead” é gravada nos Baja Studios, no México, que foram construídos em 1996 de propósito para acolher as gravações de “Titanic”, com alguns dos maiores tanques do mundo.

O futuro da série

Dave Erickson, co-criador da trama, revelou à N-TV que, ainda que não dependa apenas de si, imagina a série a prolongar-se até entre cinco a sete temporadas. E até já imaginou uma possível cena final do projeto, com uma personagem importante a matar outra.

TEXTO: Nuno Cardoso, no México