A TVI está de parabéns! 25 anos em 25 programas que ficam para a História da liderança

No dia em comemora os seus 25 anos, a TVI continua à espera de saber se e quando muda de mãos. Nada de novo na história de uma marca que nasceu como “canal da Igreja” e que é líder de audiências há 12 anos consecutivos. A N-TV foi ao baú das memórias, sacudiu a poeira e encontrou verdadeiros tesourinhos. Uns mais deprimentes do que outros…

TEXTO: Nuno Azinheira

A Amiga Olga – 1993




“Uau!”, “O Rapaz do Gongo Dourado” ou as célebres expressões “A chave, a chave!” e “O Dinheiro, o Dinheiro!” fazem parte do ADN da TVI. Olga Cardoso, então estrela da rádio – dividia o palco no éter com António Sala, na Rádio Renascença -, foi a anfitriã do concurso “A Amiga Olga”, ao fim da tarde no canal. Os prémios eram pouco aliciantes, mas as classes C e D adoravam.

Lágrimas – 1993




Chamava-se no original “La Revancha” e veio da Venezuela a primeira novela da TVI. Exibida em 1989 na Venevisión, chegou a Portugal pela mão da estação, que a exibiu nos primeiros meses de vida. Uma opção que valeu ao canal o epíteto que virou mito urbano: “o canal das novelas mexicanas”. De facto, vinham da América do Sul, mas nem todos do país dos sombreros. Com pouco dinheiro para investir, mesmo assim, a seguir a “Lágrimas”, a TVI ainda apostou em algo português: “Telhados de Vidro”, um original de Rosa Lobato de Faria.

O Jogo do Ganso – 1994




Era aos sábados à noite e era um herdeiro dos programas de variedades que havia à época na televisão portuguesa e europeia. Aliás, a primeira versão de “O Jogo do Ganso” foi em Itália, mas foi “El Grande Juego de la Oca”, estreada em 2003 e exibida no ano seguinte pela TVI, que fez relativo sucesso por cá, à escala do pequeno canal que era a TVI na altura.

Marés Vivas – 1995




Durante os primeiros anos, ainda no tempo da tutela católica, a TVI tinha pouco dinheiro para investimento em produção nacional, mas destacou-se pelas suas séries internacionais. “Marés Vivas”, em 2005, foi uma das mais marcantes. Tão marcantes como as célebres corridas de Pamela Anderson, a caminho do mar, para salvar mais um banhista de afogamento. Um clássico…

Novo Jornal – 1994




Houve um tempo em que a TVI apostou na concorrência direta com a RTP e a SIC na Informação, mas em 1994 optou por um formato diferente, que era exibido às 21.00. O “Novo Jornal” tinha como pivô principal Artur Albarran. Ao seu lado o jornalista tinha duas estreantes televisivas, que viriam a dar nas vistas mais tarde, e ambas no entretenimento: Bárbara Guimarães e Sofia Carvalho.

Batatoon – 1998




O programa infantil “Batatoon” estreou-se em novembro de 1998. Tinha como apresentadores dois palhaços, o Batatinha e o Companhia. Os episódios eram transmitidos de segunda a sexta às 16.30. O programa caracterizou-se por ter imenso sucesso na altura. No entanto, apesar deste sucesso, o programa foi cancelado, em março de 2002, devido a uma suposta discussão entre os dois apresentadores, que nunca chegou a ser confirmada.

Todo o Tempo do Mundo – 1999




Com uma televisão praticamente falida, José Eduardo Moniz pegou no canal em 1998. Uma posta forte na ficção nacional foi um dos pilares-base da estratégia. Logo em 1999, Moniz apresenta “Todo o Tempo do Mundo”, a primeira novela da nova era. Tinha Ruy de Carvalho e Eunice Muñoz como protagonistas. Era o arranque da grande viagem da indústria de ficção em Portugal, depois de a RTP a ter iniciado em 1982 com “Vila Faia”, mas sem lhe ter dado sequência.

Cocktail Nacional – 2000




“Cocktail Nacional” era um programa dedicado à música portuguesa. A apresentação estava a cargo de Carlos Ribeiro e Iva Domingues, na altura conhecida por Iva Pamela. O programa entra neste elenco de 25 formatos que ficam para a História por uma razão: foi o tempo em que a TVI começou a aproximar-se das raízes nacionais, do povo e dos seus gostos. No fundo, foi também por aqui que passou a conquista da liderança. “Cocktail Nacional” viria a ser uma espécie de embrião do “Somos Portugal”. Eram outros tempos, claro, e outros valores de produção.

Big Brother – 2000




Setembro de 2000 marca a estreia da “bomba”. Para o bem e para o mal, o “Big Brother” revolucionou a televisão em Portugal. Emídio Rangel quis comprá-lo, mas, sem o querer exibir, procurava apenas que a concorrência não ficasse com ele. Consta que Balsemão não aceitou e o programa foi oferecido pela Endemol à TVI. Moniz disse sim e convidou Teresa Guilherme. O programa foi um estoiro, trouxe os anónimos à televisão, deu a Teresa Guilherme uma notoriedade ainda maior do que já tinha e revelou figuras como Zé Maria, o vencedor da primeira edição, aos portugueses. O filão dos “reality shows” começou aí. E nunca mais parou.

Jornal Nacional – 2000

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“Olá, eu sou a Manuela Moura Guedes e este é o Jornal Nacional”. A assinatura, dita diariamente no arranque do novo magazine informativo, marcava um estilo, mais próximo das pessoas. O jornal mais próximo das “donas de casa”, como reconheceu um dia Miguel Paes do Amaral, à época presidente da TVI. O formato estreou-se a 4 de setembro de 2000, dia em que a TVI mudou. Novo logótipo, novo concurso antes do jornal (ver a seguir) e o Jornal que trouxe Manuela Moura Guedes para a ribalta, com a sua peculiar forma de conduzir um telejornal.

Dinheiro à Vista – 2000




Na nova grelha criada por José Eduardo Moniz, “Dinheiro à Vista” tornou-se na primeira joia da coroa, sendo exibido antes do “Jornal Nacional”. O programa, que se estreou a 4 de setembro de 2000, tinha como apresentadora Luísa Castel-Branco. O concurso baseava-se na realização de perguntas de cultura geral que poderiam valer dinheiro ao concorrente. Luísa, que começou tarde na televisão, no extinto CNL, viria mais tarde a apresentar outros concursos, entre eles, o popular “O Elo Mais Fraco”, na RTP1.

Comentários de Marcelo – 2000




Já tinha experiência no comentário político, quer no “Expresso”, quer no “Semanário”. Mais tarde, assinou o “Exame”, na TSF, em que dava notas aos políticos. Mas foi ao domingo na TVI que se tornou no grande comentador do povo. Em 2000 estreou-se na análise política, no “Jornal Nacional”, ora com Júlio Magalhães, ora com Pedro Pinto. Em 2004, uma intervenção política de Rui Gomes da Silva, então ministro do governo de Pedro Passos Coelho, fê-lo sair. Entraria na RTP uns meses depois, mas voltaria à TVI em 2010, quando Júlio Magalhães foi diretor de Informação. De lá só saiu quando avançou para Belém. O comentador do povo tornou-se no presidente do povo. E dos afetos.

Anjo Selvagem – 2001




“Anjo Selvagem” foi uma novela portuguesa transmitida a partir de 3 de setembro de 2001 até 21 de fevereiro de 2003. Apesar de as audiências terem oscilado à medida da transmissão, o melhor resultado obtido foi de 2,3 milhões de espetadores, revelando o imenso sucesso da mesma. Foi a única novela portuguesa, até 2014, a ter um episódio gravado em direto a 20 de fevereiro de 2002. Foi inclusive uma das primeiras novelas a ser adaptada pela TVI, tendo sido baseada em “Muñeca Brava”, história sul-americana. O sucesso foi tanto que começou a ser transmitida em horário nobre. A interminável história revelou ao mundo da representação Paula Neves (“Eu não sou Trinca Espinhas!”) e José Carlos Pereira (“Mariana, Mariana, não fujas Mariana”).

Morangos com Açúcar – 2003




O maior fenómeno da ficção portuguesa e talvez a ideia de José Eduardo Moniz que mais frutos deu. Estreou-se em 2003 e durou uma década, perdendo audiências e influência à medida que as temporadas se foram sucedendo. A primeira foi a de maior sucesso, revelando nomes que estão hoje na primeira linha da ficção nacional: Rita Pereira, Cláudia Vieira, Pedro Teixeira, Diana Chaves, João Catarré, Joana Solnado, Diogo Amaral, Rodrigo Saraiva, entre outros.

Você na TV – 2004




Quando em 2002 surpreendeu tudo e todos e assinou pela TVI, saltava diretamente da “Praça da Alegria” para o “Olá Portugal”. Dois anos mais tarde, porém, voltou a ter de partilhar palco, desta vez com uma ilustre desconhecida. Cristina Ferreira tinha sido a primeira classificada num curso de televisão coordenado por Emídio Rangel na Universidade Independente. A “saloia”, como se assume, juntava-se ao sofisticado Manuel Luís Goucha. A dupla improvável resultou. Até hoje. O programa é líder das manhãs televisivas e a parelha regista uma cumplicidade única na televisão portuguesa.

Inspetor Max – 2004




Exibida entre 2004 e 2005, “Inspetor Max” foi uma série portuguesa protagonizada por Fernando Luís e Rui Santos. A série conta a história da família Mendes e da equipa de inspetores da Polícia Judiciária de Setúbal, na qual trabalha Jorge Mendes e o seu cão, Max. Passados 12 anos, e devido ao sucesso da série, esta foi renovada em 2017, apresentando uma história ligeiramente modificada. Apesar desta renovação, a estação continuou e continua a emitir episódios repetidos. Designava-se por ser uma série para toda a família, que combinava ação com comédia.

Ninguém Como Tu – 2005




“Quem matou o António?” Durante meses esta foi a pergunta que andava na boca de toda a gente que via novelas. A trama assinada por Rui Vilhena foi uma das novelas portuguesas de maior sucesso em Portugal e ainda hoje conta com o final mais visto de sempre. O episódio final, com o desenlace do enigma policial, foi transformado numa história no jornal da estação, com honras de proteção da polícia e transmissão em direto. A vilã Luiza Albuquerque, interpretada por Alexandra Lencastre, entra diretamente para galeria das melhores vilãs de sempre da TV portuguesa.

Dr. House – 2005




É uma marca incontornável da história da TVI. Durante mais de oito anos, a TVI transmitiu “Dr. House”, a série sobre um médico muito especial que deu a Hugh Laurie o papel da sua vida. A estação transmitiu sete temporadas da série norte-americana, que teve oito “seasons” e que nos Estados Unidos esteve no ar entre 2004 e 2012.

Fiel ou Infiel – 2005




O brasileiro João Kléber foi um epifenómeno na televisão portuguesa. Tão depressa apareceu, como depressa desapareceu. Mas enquanto cá esteve criou polémica e deu audiências, em programas que tinham obrigatoriamente bolinha vermelha no canto superior direito. “Fiel ou Infiel” durou dois anos, teve queixas junto da ERC, muitos casais desfeitos e muitos atores contratados para fazerem o programa. Em 2007 voltou para o Brasil, onde prosseguiu a sua carreira.

Equador – 2008




Foi um dos maiores investimentos na ficção portuguesa. A série “Equador”, baseada no romance homónimo de Miguel Sousa Tavares, foi dirigida por André Cerqueira, que viria mais tarde a ser diretor de programas da TVI. Série de época de grande sucesso, registou excelentes audiências e demonstrou qualidade. Foi um marco na produção portuguesa.

Meu Amor – 2009




A novela “Meu Amor” começou a ser transmitida pela TVI a 19 de outubro de 2009, tendo permanecido no ar até 23 de outubro de 2010. Foi a primeira novela portuguesa a ser distinguida com um Emmy de melhor novela internacional. A novela foi produzida por António Barreira e no seu elenco conta com nomes como Alexandra Lencastre, Margarida Marinho, Rita Pereira, Paulo Pires e Nicolau Breyner. Esteve em exibição durante mais de um ano, contando assim com 319 episódios. O último episódio foi o que obteve o melhor resultado a nível de audiência.

Depois da Vida – 2010




“Depois da Vida” caracterizou-se por ser um programa de conversa entre o público presente e uma médium. O objetivo era transmitir informações de parentes ou amigos já falecidos aos presentes. O programa começou por ser apresentado por Júlia Pinheiro, tendo passado, mais tarde, a ser dirigido por Iva Domingues. Numa altura inicial, começou por participar no programa a médium Anne Germain, tendo sido substituída por Janet Parkers. Esta última era acompanhada por Sue Woods, que complementava o diálogo da médium através de imagens. O programa também contou com a sua dose de polémica.

Jornal das 8 – 2011




Mudou o nome, mudou o cenário, mudaram os apresentadores, mudou o estilo. O principal jornal da TVI mudou tanto que tinha de aparecer nesta galeria. Em 2011, na sequência da contratação de José Alberto Carvalho e Judite Sousa à RTP, para a direção de Informação, a informação do canal mudou. Procurou marcar uma rutura com o que havia: menos sensacionalista, mais séria, com entrevistas marcantes e os rostos de credibilidade dos pivôs.

Momentos de Glória – 1993




Antes de chegar à TVI com pompa e circunstância, em 2002, Manuel Luís Goucha já tinha lá estado. Em 1993 apresentou um programa de variedades, em que tinha como assistente Carla Caldeira. Era um programa que procurava ter “glamour” e grandes convidados internacionais. Era o arranque da TVI e as audiências estavam quase todas divididas entre a RTP e a SIC.

Oitavo Dia e Eucaristia Dominical – 1993




Mais do que “Oitavo Dia”, programa religioso que apresentou na TVI, esta referência é mais a António Rego, padre feito cónego e o primeiro diretor de informação da TVI, televisão da Igreja. Recorde-se que o cónego foi convidado para assumir o cargo de diretor de informação do canal “4” em 1992, meses antes do início das emissões, em fevereiro de 1993. Foi o primeiro a assumir a função na TVI e desempenhou-a durante dois anos. Saiu da empresa há um ano, mas muito antes reconheceu que a aventura da TVI começou com muito voluntarismo, mas também muito amadorismo.