Adeus, 2017. Dez polémicas para todos os gostos que incendiaram as redes sociais
JUDITE, O CADÁVER E O PELOURINHO
Nos dias de brasa da tragédia de Pedrógão Grande, que provocou a morte a mais de 60 portugueses, esta imagem correu célere nessa espécie de pelourinho dos tempos modernos a que chamamos redes sociais. Numa reportagem que visava precisamente denunciar a demora na intervenção das autoridades, Judite Sousa deixou-se filmar, em direto na TVI, junto ao perímetro de segurança, com um cadáver tapado com um lençol nas imediações. A jornalista e diretora adjunta de informação foi criticada violentamente no Facebook e a TVI acusada de sensacionalismo.
MARIA VIEIRA: QUEM É A PRÓXIMA VÍTIMA?
E, de repente, Maria Vieira voltou às primeiras páginas das revistas e dos sites. Não pelo seu trabalho, mas pela sua página de Facebook. Em Democracia, cada um tem o direito à sua opinião. Maria Vieira, a própria ou alguém por ela para o caso não interessa, aproveitou a máxima a desatou a distribuir mimos por toda a gente. Cada melro, cada tiro. Uma espécie de pescadinha de rabo na boca. Ela ganhou vida nos sites e revistas. Estes ganharam likes à sua conta. A polémica foi tanta, com tantos ódios de estimação entretanto criados, que as suas opiniões chegaram aos escaparates: “Maria no país do Facebook”.
QUINTINO AIRES E O CANNABIS
O psicólogo Quintino Aires, presença assídua nas manhãs da TVI, tem dado ao longo dos últimos várias pérolas para o YouTube. A mais recente e, seguramente uma das mais virais, foi a afirmação perentória de que "75 por cento dos homens que consomem cannabis envolvem-se sexualmente com outros homens". A afirmação, feita com base "num estudo científico recente", segundo o próprio, provocou gargalhada em estúdio, com Manuel Luís Goucha a garantir nunca ter fumado. A afirmação foi contestada publicamente, a ERC recebeu queixas, e Quintino Aires passou a ser "cliente" habitual do programa humorístico "Donos Disto Tudo".
O CASO DOS EMAILS DO BENFICA
E, de repente, Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, passou a ser uma espécie de "conhecido lá de casa". Pelo menos, das casas que veem o Porto Canal. O programa "Universo Porto da Bancada" passou a ser a arma de arremesso dos portistas contra o Benfica, e os famigerados emails saídos do Estádio da Luz um dos assuntos televisivamente mais quentes do ano. É cedo para perceber se o futebol ganhou alguma coisa com isto (até porque a investigação das autoridades ainda vai no adro...), mas o Porto Canal sim: notoriedade e espaço mediático nos órgãos de comunicação nacional.
A OVERDOSE DE FUTEBOL GRITADO
Houve um tempo em que se dizia que em Portugal havia mais futebol falado do que futebol jogado. Em 2017 a frase teve ainda mais sentido. Com uma pequena alteração: em Portugal há mais futebol gritado do que futebol jogado. Os canais informativos e afins perceberam o maná que isto é: as altas audiências e os baixos custos. Convém, ainda assim, não colocar toda a farinha no mesmo saco: "Prolongamento" é o pior de todos. Pedro Guerra, José de Pina e Manuel Serrão dão semanalmente o seu espectáculo: gritos, insultos, ameaças. Não seria de mandar toda esta gente para casa? Pessoalmente ou por email, tanto faz...
A CRISE DE BEAUTÉ
Que uma separação deixa marcas é uma verdade quase absoluta que a maior parte dos cidadãos já sentiu na pele. No caso das figuras públicas, a dor pode ser pior. Há o próprio luto a que cada um tem direito e a curiosidade da opinião pública e publicada. Regras do ofício, dirão uns; um abuso e violação da esfera privada, dirão outros. Mas há depois os casos em que são as próprias figuras públicas que procuram essa mediatização, publicando nas suas redes sociais abertas os seus estados de espírito. A guerra entre o cabeleireiro Eduardo Beauté e o manequim Luís Borges começou no ano passado, com a separação anunciada. Mas 2017 intensificou a guerra, com ameaças e agressões com filhos pequenos pelo meio. Os últimos meses do ano terão trazido um saudável trégua. Para bem das crianças.
MISTÉRIOS E VIDÊNCIAS
A vida de Cristina Ferreira está permanentemente debaixo dos holofotes mediáticos. São os seus negócios, é a sua relação com o pai do filho, são as suas viagens, são as suas entrevistas, são os seus supostos amores. O ano que agora termina ficou marcado por um bate-boca entre Cristina Ferreira e Maya, duas profissionais do mesmo ofício. Um "fait divers" sem grande importância, reconheça-se, mas que serviu para alimentar duas semanas de discussões. No final de agosto, Maya disse no seu programa na CMTV que Cristina estaria de férias com um homem mistério em França. Uns dias depois, em direto no "Você na TV", Cristina respondeu: "A Maya dantes lia as cartas, mas agora tem visões"...
CAROLINA PATROCÍNIO "A ARDER" NA NET
A imagem de Frederica, a filha mais nova de Carolina Patrocínio, deitada na toalha a dormir ao sol sem proteção, foi o "bruá" de julho, com a apresentadora a ser violentamente criticada nas redes sociais. "Irresponsabilidade", "idiotice", "absurdo" foram alguns dos mimos que a mãe ouviu a propósito d0 "bronze" da criança. Ao "Observador", Carolina justificou-se: "Basta olhar para a genética dela, da mãe, do pai e dos avós", garantindo que tem "todos os cuidados" com a filha, incluindo "proteção máxima várias vezes ao dia".
CARRILHO E BÁRBARA: A GUERRA CONTINUA
A guerra entre Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães continuou em 2017 na barra do tribunal, com uma importante vitória para a apresentadora da SIC, e um triunfo para o antigo ministro da Cultura já no final do ano. Em outubro, Carrilho foi condenado a pena suspensa de quatro anos e meio de cadeia pelos crimes de violência doméstica, ameaça, ofensas à integridade física, injúrias e denúncia caluniosa contra a ex-mulher. O filósofo foi ainda obrigado a frequentar um programa de sensibilização contra a Violência Doméstica. A sentença foi bem recebida pela generalidade da comunidade artística, sempre ao lado de Bárbara. No final do ano, no dia 15, num outro processo, Carrilho foi absolvido do crime de violência doméstica e de 21 crimes de difamação.
LUCIANA: FELICIDADE E ANGÚSTIA
Os últimos meses do ano foram de felicidade: os concertos, o disco, o anúncio da gravidez, a confirmação de gémeos, o casamento com Daniel Souza e o nascimento das filhas prematuras, que continuam hospitalizadas na incubadora. Mas a primeira metade do ano trouxe a continuação da guerra entre Luciana e a mãe. Em entrevista à "Lux", explicou que descobriu "coisas gravíssimas" sobre a mãe e a irmã e que por isso as deixou de "sustentar".Em resposta, ao site "Move Notícias", a mãe de Luciana não poupou nas palavras: "Se é para ir para a valeta, vamos juntas".
Coisas fortes, polémicas a sério e outras assim-assim. Assim foi o ano de 2017 no que toca às histórias da televisão e dos “famosos”. Bem sabemos como é: às vezes, basta um soundbyte para acender o rastilho. O potencial viral das redes sociais faz o resto.
O que têm em comum os bitaites de Maria Vieira, o bronze da filha mais nova de Carolina Patrocínio, ou as alegadas “visões” de Maya sobre um suposto “homem mistério” de Cristina Ferreira?
São tudo pequenos “fait divers” que a natureza do mundo digital transforma em polémicas. São os novos tempos da informação e do entretenimento, que não se fica pelas revistas e sites ditos “cor de rosa” mas que chega também aos telejornais e à imprensa clássica. Em Portugal e em todo o mundo.
Na lista das dez polémicas que se passaram por cá, há, porém, coisas a sério: o duelo Carrilho-Bárbara Guimarães em tribunal; a cobertura dos incêndios no verão; e o clima incendiário em que vive o futebol português, muito ajudado pela… piromania televisiva.