Homem do teatro, do cinema, das séries e das novelas, António Capelo sobe este ano ao palco com a temática da Revolução dos Cravos.
Os 50 anos do 25 de abril de 1974, que se assinalam este ano, são o mote para o projeto seguinte de António Capelo. O ator prepara-se para “reviver esse tempo” nas próximas peças de teatro que vai encenar. “Este ano o 25 de abril faz 50 anos e vou dedicar grande parte da minha vida no teatro a reviver esse tempo”, diz o intérprete à N-TV, à margem das gravações do novo projeto de ficção na Figueira da Foz.
“Vou fazer alguma ficção, participações em cinema, mas grande parte da minha vida é teatro e vou mesmo avançar com esta ideia de revisitar a memória do 25 de abril”, acrescenta António Capelo.
“Nos 50 anos da Revolução vamos todos falar com os mais jovens, que não têm memória disso, sobre como foi fundamental lutar pela liberdade”, diz ainda o ator. “É importante perceber que aqueles, para nós estarmos bem hoje, andaram a lutar e ofereceram a sua vida para isso… portanto vamos homenageá-los com isso”, sublinha.
Diretor de uma escola e de uma companhia de teatro no Porto, naquela que é a sua “casa”, António Capelo vai avançar com outros projetos de ficção porque, justifica, “para ter uma casa precisamos de ir buscar mobília fora”.
E, fora de “casa”, António Capelo fez uma participação especial na segunda temporada da série da RTP1 “A Espia”, que retrata o mundo dos espiões no nosso país na década de 1940. “Este revivalismo é uma reflexão sobre este tempo que, infelizmente, é muito semelhante ao nosso. Falo das guerras, dos conflitos, das relações humanas deterioradas e, portanto, a ideia da memória é fundamental para preservar a condição humana, e quando mais não seja, só por isso, vale a pena fazer ficção, porque ajuda a ter memória”.
António Capelo vai mais longe: “Quem não tem memória não consegue viver neste tempo tão frágil e tão violento. Bem-ditas sejam estas ficções que nos permitem refletir sobre o nosso tempo, olhando para o outro tempo e percebendo, infelizmente, que os seres humanos têm ciclos e parece que não aprendem coisas. Nada está garantido, nem a liberdade”.
António Capelo tem uma participação “fugaz”, mas relevante, ao lado de Daniela Ruah no primeiro episódio e faz um enquadramento da série. “Mesmo aqui, neste mundo de espionagem, há os que têm um lado e o outro. Há uns que têm uma relação com o mundo que é muito mais aberta e menos conflituosa e, portanto, estarão do lado do bem, do ponto de vista religioso”, remata.