Cristina Ferreira esteve esta sexta-feira, 3 de maio, à conversa com António Costa, ex-primeiro ministro de Portugal.
Aos 14 anos, António Costa filiou-se no Partido Socialista (PS) e, desde então, tem estado sempre ligado à política. Nos últimos oito anos, serviu o país como primeiro-ministro, tendo passado a pasta, no passado mês de abril, para Luís Montenegro.
Demitiu-se no dia 7 de novembro de 2023, depois de ter sido indiciado na Operação Influencer. Sobre a adaptação a esta rotina menos acelerada, António Costa sublinhou: “Há pequenos luxos que se ganham. Ter o telemóvel desligado à noite, não ter que meter despertador”.
O socialista revelou que os dias mais difíceis foram os que se seguiram ao dia 7 de novembro. “É assim aquela sensação estranha de ter-se sido atropelado por um comboio e ficado vivo, com as dores próprias do atropelamento”, referiu.
Sobre o caso, que está a ser investido pelo Ministério Público, António Costa notou que, até então, “nunca ninguém tinha posto em causa” a sua honestidade. “Isso dói, mas também para mim era muito claro. O primeiro-ministro não é um membro do Governo como os outros, não pode haver uma suspeição oficial sobre a sua probidade. Isso põe em causa a sua autoridade”.
“Quando eu vi aquela suspeição oficial, para mim foi muito claro. Entre o comunicado e a minha comunicação, correu muito pouco tempo. Deu tempo de falar com Presidente da República e de anunciar ao país”, notou, recordando o momento em que decidiu apresentar a demissão.
No decorrer da entrevista, conduzida por Cristina Ferreira, o ex-primeiro ministro deixou largos elogios à mulher, Fernanda Tadeu, e recordou o momento mais difícil da governação. “[A pandemia] foi um momento muito duro, muito difícil. Se me perguntar se foi o período mais difícil, eu diria que não. Estes últimos dois anos com a inflação foi bastante mais difícil”.
“Foram os mais difíceis, sabendo do impacto brutal na vida das pessoas e a falta de ferramentas que tínhamos. Foi o período mais difícil de gerir”, completou.
Planos para o futuro
Voltou a estudar no passado mês de fevereiro, altura em que ainda estava à frente do Governo, ao ingressar numa pós-graduação na Universidade Católica, em Lisboa.
António Costa esclareceu que não se pretende candidatar as eleições presidenciais. “É um cargo que nunca exercerei e para o qual nunca me candidatarei”. Sobre a possibilidade de candidatar-se ao Parlamento Europeu, deixou tudo em aberto.