Adriana Esteves interpreta uma mãe superprotetora e controladora na série “Os Outros”. Em entrevista, contou mais sobre o desafio.
A estrear na próxima segunda-feira, dia 22 de janeiro, na Globo, a série “Os Outros” “traz uma discussão sobre intolerância e a dificuldade de diálogo na sociedade atual”, lê-se em comunicado. Integrante do elenco, Adriana Esteves falou mais sobre a trama e a personagem que vai interpretar.
Na série original Globoplay “Os Outros” interpreta “Cibele”. Fale-nos um pouco sobre ela.
A “Cibele” é contabilista, teoricamente é muito disciplinada, mas não é, é extremamente bagunceira (risos). É complemente encantada pelo filho, ela quer protegê-lo, mas dá tudo errado. Ela ama o marido, está com ele há anos e anos. Teoricamente uma grande mulher, só que não! O marido dela se sente muito sozinho com esse temperamento da “Cibele”. Ela adora tomar uma cervejinha, às vezes precisa pedir ajuda mas não sabe. A “Cibele” apresenta um lado tão frágil, tão impulsivo, tão pouco racional que talvez sejam lados que eu, Adriana, tento trabalhar em mim para não ter ou ter menos.
Qual tem sido o maior desafio deste papel?
O meu maior desafio para interpretar a “Cibele” acho que é justamente apresentar uma mulher da qual eu fujo no sentido de algumas características dela. Trabalho há muitos anos para não me permitir ser impulsiva, procuro ser uma pessoa mais sábia, procuro tanto um equilíbrio ao longo da minha vida toda, pessoal, na maternidade, no casamento, na relação com o próximo. E de repente aparece “Cibele” na minha vida sendo absolutamente o oposto de tudo o que eu busco ser. Mas ela é uma mulher de verdade.
Identifica-se com alguma das questões abordadas em “Os Outros”?
Uma das situações principais da série que eu já vivenciei com uma pessoa próxima, uma criança sofrendo bullying, e isso foi uma coisa muito traumática porque você não esquece. Você tem necessidade e vontade de defender para o resto da vida porque o bullying gera um trauma naquela criança e acaba gerando um trauma em todas as famílias envolvidas. A série “Os Outros” fala disso e eu tive uma história semelhante próxima.
Consegue encontrar alguma comparação entre a “Cibele” e outras personagens que já interpretou na sua carreira?
Se eu for comparar a “Cibele” com as minhas outras personagens diria que ela é tão maluca quanto várias. Ela é tão maluca quanto “Carminha” de “Avenida Brasil”, “Catarina” de “O Cravo e a Rosa”, “Sandrinha”de “Torre de Babel”, só que são loucuras absolutamente diferentes. Quando assistimos à série “Os Outros” percebemos que a “Cibele” é uma pessoa destemperada, louca, mas a loucura dela está em outro lugar do dessas personagens que eu citei.
Como foi a preparação e o processo de criação para a série?
No processo e na forma como a série é lançada, esse título, “Os Outros”, é muito forte porque a culpa é sempre do outro, quem causa é o outro, mas esses “Os Outros” somos nós. Somos todos nós. Adoro que quando se fala os outros lá dentro está a palavra sou. Todos nós somos, todos nós participamos, todos nós somos agentes das atitudes, o ser humano não é passivo. Emociona-me saber que estamos falando de pessoas, de gente, de toda a diversidade que isso engloba. Na verdade, nós somos todos únicos.
Se tivesse de descrever a série “Os Outros” numa palavra, qual seria?
Eu vou falar a palavra que mais me encanta fazer nesse processo: Sou.