“Lutar pela Liberdade de expressão é, em primeiro lugar, lutar contra a censura”. As palavras são de Francisco Pinto Balsemão, homenageado esta segunda-feira durante a cerimónia comemorativa dos 31 anos da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), do Instituto Politécnico de Lisboa.
O fundador da SIC afirmou hoje que é preciso “lutar contra a desinformação que prospera e se multiplica na lixeira da Internet”. Numa altura em que tanto se fala de fake news e alternative facts, é importante recordar que “a mentira pura e dura sempre foi e é usada, e sempre com recurso às tecnologias mais avançadas da altura e na propaganda elaborada pelos regimes ditatoriais, de esquerda ou de direita”.
Balsemão discursava no decorrer da homenagem que lhe foi feita por aquele estabelecimento de ensino, na sessão solene comemorativa dos 31 anos da ESCS, em que foi condecorado com uma medalha de ouro.
O terrorismo, a ação dos media face ao terror, a privação ao acesso de informação em países europeus e mundiais e a falta de liberdade de expressão em regimes ditatoriais como a China e Coreia do Norte foram preocupações reveladas por Balsemão, “Além de disposições legais limitativas da propriedade dos media e do seu desempenho quotidiano, há jornais, rádios ou televisões que são fechados, jornalistas detidos, torturados ou assassinados, proprietários perseguidos e arruinados, etc. Isto sucede hoje, quase diariamente, nas mais diversas latitudes e longitudes”, lamentou.
“Devemos noticiar, denunciar e criticar os abusos e violações cometidos pelo poder político, não apenas em grandes potências, como a China e Rússia, mas também noutros países, da Venezuela à Turquia ou à Hungria, do Irão à Argélia ou à Guiné Equatorial”, sublinhou.
A famosa frase de Nietzsche “Não há factos, apenas versões” descreve, em parte, as palavras proferidas pelo antigo primeiro-ministro na sua reflexão sobre a situação atual do jornalismo. Com o foco virado para a “falta” de objetividade das notícias” e num momento em que as redes sociais são entendidas como “fontes prioritárias de informação”, o fenómeno é visto como uma problemática urgente a partir do momento em que “cada vez mais pessoas, no mundo inteiro, se consideram informadas apenas pelo que recebem via redes sociais (e que, agravando o problema, partilham, quando gostam)”, sem terem o cuidado de verificar as fontes, como alerta.
No final, Francisco Pinto Balsemão exortou a plateia, maioritariamente constituída por jovens estudantes, para que se reúna no esforço coletivo de “fortalecer” o que é de essencial no jornalismo: “a independência editorial perante todos os poderes (político, económico, cultural, desportivo) e o próprio poder corporativo dos jornalistas”.
TEXTO: Alexandre Oliveira Vaz