Carrilho condenado. Arguido exprime “total insensibilidade” e “ausência de arrependimento”

Manuel Maria Carrilho. Fotografia: Nuno Pinto Fernandes/Global Imagens

O coletivo do juízo 22 do Tribunal de Comarca de Lisboa não tem dúvidas: Manuel Maria Carrilho mostrou-se um ser de “total insensibilidade” perante os factos de que estava a ser acusado, processo do qual saiu condenado esta terça-feira.

Na leitura do acórdão, a juíza presidente destacou a “ausência de arrependimento” que o antigo ministro da Cultura, de 66 anos, apresentou durante todo o processo, um dos mais mediatizados nos últimos anos na imprensa portuguesa.

“O arguido atuou para humilhar e maltratar física e psicologicamente a assistente [Bárbara Guimarães]”, ouviu-se durante a mais de uma hora em que a sentença foi conhecida e que culminou na condenação do antigo governante a quatro anos e meio de prisão com pena suspensa.

Manuel Maria Carrilho escutou a leitura do acórdão
de braços cruzados e punho cerrado.

Por diversas vezes, durante os encontros do ex-casal para a entrega dos dois filhos em comum, considerou ainda o tribunal, o antigo ministro da Cultura criou “estratagemas” para fazer perdurar essas reuniões, que resultaram em “situações desgastantes em termos psicológicos”.

Alguns dos crimes cometidos contra Bárbara Guimarães, entre eles os de violência doméstica, ameaças e ofensas à integridade física e injúrias, foram praticados “na presença dos filhos menores”. Por isso, o tribunal considera que Manuel Maria Carrilho “não se preocupava com o bem-estar dos filhos, manifestando a intenção de ameaçar a assistente”. Mais: “manifestou visivelmente total indiferença pela integridade física e psicológica dos filhos”.

Para além da condenação do antigo ministro a quatro anos e meio de prisão com pena suspensa, o ex-marido de Bárbara Guimarães ficou ainda obrigado a desembolsar mais de 65 mil euros, 50 mil dos quais destinados à apresentadora da SIC, com quem está proibido de contactar, e a frequentar um programa da Direção-Geral de Saúde de prevenção da violência doméstica.

À saída do tribunal, os advogados de defesa e de acusação reagiram à sentença. Pedro Reis, advogado da apresentadora da SIC, adiantou estar “muito feliz” com a decisão do coletivo de juízes, enquanto Paulo Cunha e Sá, representante legal de Manuel Maria Carrilho, revelou que vai recorrer da pena.

Isto apesar de a juíza presidente do coletivo ter chamado a atenção de Carrilho para “não persistir” mais neste processo. “Não nos parece que tenha algum futuro esse caminho que tem prosseguido”, afirmou a juíza, após a leitura do acórdão.

TEXTO: Dúlio Silva