César Mourão, Eduardo Madeira e Jel: o olhar sobre o caso “Will Smith”

Fotografia: Instagram César Mourão

César Mourão, Eduardo Madeira e Jel comentam para a N-TV o caso do momento: a bofetada de Will Smith e Chris Rock, depois da piada nos Óscares.

É o assunto que continua a dominar a atualidade: Will Smith já pediu desculpa pela agressão a Chris Rock na noite dos Óscares e até a mãe do ator veio a público e, agora, é a vez dos humoristas César Mourão, Jel e Eduardo Madeira darem a sua opinião.

Em declarações à N-TV, César Mourão acha que tudo pode não ter passado de “uma encenação”. Mas espera para ver. “Fiquei com a esperança numa solução até ao final do espetáculo dos Óscares, até porque acho que a reação de ambos é muito estranha. Não quero acreditar que aquela reação do Will Smith tenha sido a sério. A confirmar-se, é muito grave”, refere o ator.

“É sempre injustificável. Abre um precedente grave para o mundo ao partir para a agressão física. Podia ter esperado pelo intervalo, ou pelo fim da gala, para manifestar a sua insatisfação, de forma verbal. Ainda por cima, com milhões de pessoas a ver e num contexto mundial de guerra e de violência como o que atravessamos atualmente”, acrescenta.

E sobre os limites do humor? “Já me fazem essa pergunta há muitos anos. Só há limites para o bom senso. Depende do contexto de saúde da pessoa, de quem faz a piada, de quem está a assistir ao espetáculo, das sensibilidades de todos, quem é a audiência. O mundo mudou e a forma como encarávamos uma piada em 1980 já não é a mesma como o fazemos agora, em 2022”, remata César Mourão.

Já Jel que, em breve, vai participar num programa sobre insultos, o “Mano a Mano”, na TVI, acrescenta. “Fiquei espantado com a reação do Will Smith. Ele esteve mal, aliás, esteve péssimo”, garante.

“Os limites do humor são os mesmos que estão na Lei. Eu posso achar graça a matar cães e não posso pensar que ninguém me pode criticar ou atingir por causa disso”, defende.

“Nem quero qualificar a piada, é só uma graça. Pode ter caído mal à Jada Smith, aceito isso, mas não justifica a resposta violenta do Will Smith”, refere.

“O impulso jamais se justifica. É a mesma coisa que eu estar no trânsito e um tipo querer bater-me porque o carro está parado. Quem sai mal disto tudo é o Will Smith”, remata Jel.

Eduardo Madeira também dá a sua opinião. “O que se passou ali tem muito a ver com poder. Will Smith agride e nada lhe acontece. Não há segurança nem polícia. Qualquer outro cidadão ia preso”.

“Will Smith não só não o foi, como até ganha um prémio. Depois tem a ver com a coragem do Chris Rock de fazer uma piada sobre o todo poderoso casal Smith”, refere o ator.

“Quanto aos limites do humor a questão começa a ser ridícula em si mesmo. A piada é fraca. Chris Rock é brilhante e faz melhor. Mas é uma piada sobre a perda de cabelo. Estamos a afunilar tanto as coisas que qualquer dia não se pode fazer piadas sobre sardentos ou belfos porque uma associação de pessoas com essas características se sente ofendida”, frisa Eduardo Madeira.

“A discussão dos limites do humor já dava um sketch com uma santa inquisição a defender todos os ofendidos e uma comissão de humoristas a tentarem perceber sobre exatamente que itens pode desenvolver a sua atividade. Os humoristas percebem que não há temas disponíveis e dão baixa de atividade nas finanças”, diz, a concluir.