Diana/20 anos: O que ficou depois das lágrimas da tragédia

Passaram-se 20 anos desde a morte da Princesa Diana, mas o legado que esta deixou, através do estilo, do trabalho filantrópico e dos filhos, continua vivo.

Mesmo passados 20 anos da sua morte, a herança que Diana Spencer deixou ao mundo continua a encantar milhares de admiradores da “Princesa do Povo”, como era carinhosamente conhecida. Entre os anos de 1980 e 1990, Lady Di tornou-se num ícone em várias áreas através da elegância que a caracterizava, das causas sociais que apoiava e dos filhos, os príncipes William e Harry.

Ícone de Estilo

Fotografia: REUTERS

Conhecida pelo seu estilo incontornável (veja na fotogaleria acima), Diana não tinha medo de arriscar na hora de se vestir. Apesar do protocolo rígido da casa real britânica, conseguiu sempre criar o seu próprio estilo. Fã de cores garridas e de conjuntos monocromáticos, era habitual vê-la de cor-de-rosa, vermelho, roxo, laranja e azul, uma das cores mais usadas pela própria. Para muitas princesas, os decotes e as saias curtas eram algo proibido de usar, mas não para Diana, que sempre conseguiu conciliar o sensual com a elegância pela qual era conhecida.

Muitos eram os nomes que queriam fazer parte da lista de estilistas daquela que rapidamente se tornou num ícone de moda mundial, mas apenas alguns conseguiram alcançar esse privilégio. Jacques Azagury, Victor Edelstein, Catherine Walker, Raulph Lauren e Valentino foram alguns dos que tiveram a honra de vestir Diana. Em destaque encontra-se Elizabeth Emanuel, que para além de ter criado vários dos vestidos de cerimónia usados pela princesa, desenhou ainda o vestido de noiva para o casamento com o Príncipe Carlos, a 29 de julho de 1981. O vestido usado por Diana tornou-se num dos mais replicados e comentados de sempre.

O fascínio pelo estilo da Princesa Diana é tão significativo que em fevereiro deste ano foi inaugurada a exposição “Diana: Her Fashion Story” (em português: “A História de Moda de Diana”), no Palácio de Kensington, e na qual foram expostos alguns dos vestidos usados pela Lady Di, durante e após o casamento. Para Libby Thompson, uma das curadoras, “cada um dos vestidos é como uma minibiografia. Não são apenas o que ela usou, contam histórias.”

A “Princesa do Povo”

Fotografia: REUTERS

A expressão “Princesa do Povo” surgiu da dedicação de Diana aos trabalhos e causas humanitárias ao longo da sua vida. Para esta não havia distinção entre a realeza e o povo e prova disso era a forma única e pessoal com que se relacionava com o público. A própria revelou numa entrevista ao programa “Panorama” da BBC, em 1995, que gostava que a monarquia tivesse “mais contacto com as pessoas”. Foram estas ações e atitudes que a levaram a ser acarinhada por todos.

“A pior doença da nossa geração é as pessoas sofrerem por não serem amadas”, sublinhou Lady Di. Espalhar amor e carinho era o grande lema de vida da princesa, que regularmente visitava instituições hospitalares para simplesmente conversar e passar algum tempo com os pacientes internados.

Um dos episódios mais notáveis, para a época, foi quando esta apertou a mão a um doente com SIDA. Na altura, este foi um momento bastante comentado pela imprensa por Diana não ter usado nenhuma luva ao tocar no paciente. Para a princesa este era um gesto natural: “A SIDA não torna as pessoas perigosas. Podem aperta-lhes a mão e dar um abraço. Deus sabe que elas precisam disso”, exclamou.

Ao longo dos anos, Diana tornou-se madrinha de mais de cem instituições de caridade. Apesar de todas as suas participações terem tido um grande impacto no núcleo do projeto em si e até na sociedade, existem três trabalhos possíveis de destacar: o combate do HIV/SIDA, a luta contra a fome em África e a participação na Campanha Internacional para a Proibição de Minas Antipessoais em Angola, que ganhou o prémio Nobel da Paz em 1997. Diana já não se encontrava viva para assistir a este importante marco.

Os filhos: William e Harry

Fotografia: REUTERS

Um dos mais importantes legados que Diana deixou ao mundo são os dois filhos: os príncipes William e Harry. Ao longo dos anos, os dois tem participado ativamente em causas e projetos humanitários com o objetivo de manter viva a herança transmitida pela mãe e tornar o mundo um pouco melhor.

Um dos mais mediáticos trabalhos dos irmãos está diretamente ligado com a saúde mental e os tabus de que o assunto ainda é alvo. Juntamente com Kate Middleton, mulher de William desde 2011, fundaram a campanha “Heads Together” (em português, “Cabeças juntas”) em parceria com várias outras campanhas de solidariedade. Esta tem como propósito colocar o tópico no centro da discussão pública e eliminar o estigma associado ao mesmo.

Harry, de 32 anos, revelou recentemente ao site The Telegraph que apenas recorreu a ajuda profissional para ultrapassar a morte da mãe aos 28 anos. “Provavelmente estive muito perto de um colapso completo em várias ocasiões”, admitiu o príncipe.

Para além do trabalho na área da saúde mental, ambos têm ajudado diversas organizações de ajuda a indivíduos sem-abrigo. Em 2005, William tornou-se padrinho do “Centrepoint hostels”, instituição que ajuda jovens sem-abrigo a ter uma casa. O primeiro contacto que este teve com o local foi juntamente com o irmão e com a mãe, numa visita organizada pela própria.

William e Harry mantiveram uma das mais importantes características de Diana: a forma como esta comunicava com o povo. Apesar de não ser transcendente a toda a família real britânica, é possível verificar semelhanças na forma como os príncipes abordam o público. A cumplicidade, o carinho, o respeito e a empatia são alguns dos sentimentos que os dois transmitem às pessoas com quem se cruzam regularmente.

Recentemente, foi lançado o documentário “Diana, Our Mother: Her Life and Legacy”, da HBO, (em português, “Diana, a nossa mãe: a vida e o legado”) de forma a assinalar os 20 anos da morte da princesa, e no qual os filhos falam abertamente sobre a relação que mantinham com esta. “Ela é a melhor mãe do mundo”, exclamou Harry. O filho mais novo de Diana admitiu sentir falta dos abraços que só esta lhe conseguia dar: “sinto imensa falta de ter a minha mãe a dar-me um abraço.”

William, de 35 anos, revelou que ainda hoje consegue ouvir o riso da mãe: “era um riso de pura felicidade.” O herdeiro da coroa britânica desvendou que existem momentos em que sente a presença da mãe, como no dia do casamento com Kate. “Senti mesmo que ela estava lá para mim”, confessou.

TEXTO: Sofia Gonçalves Romão

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