Drogas, festas ilegais e crimes sexuais: a queda do magnata Sean “Diddy” Combs

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[Fotografia: ANGELA WEISS / AFP]

A carreira de Sean “Diddy” Combs está em standby, depois de ter sido detido no passado dia 16 de setembro. O Ministério Público acusa o rapper de tráfico sexual, extorsão e outros crimes.

É um dos maiores produtores de rap de todos os tempos, mas o legado de Sean “Diddy” Combs parece ter sido construído com base em crimes e festas ilegais.

Puff Daddy, como também é conhecido, foi detido num hotel, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, na madrugada de 16 de setembro, depois de ser acusado pelo Ministério Público de fogo posto, tráfico sexual, extorsão e outros crimes.

No processo criminal, de 14 páginas, são mencionadas as “freak-offs”, maratonas sexuais gravadas pelo anfitrião com o objetivo de chantagear os participantes. Nestas festas, que podiam durar vários dias, o rapper drogava as mulheres e obrigava-as a ter relações sexuais com prostitutos.

A acusação refere que, nos dias seguintes, as vítimas eram “obrigadas a a permanecer escondidas – às vezes por vários dias – para se recuperarem das lesões infligidas por Combs”.

O músico, que até esta sexta-feira, 30 de setembro, estava sob vigilância no Centro de Detenção Metropolitano de Brooklyn, nega todos as acusações. O advogado referiu, em declarações à “People”, que Combs está a preparar-se para o julgamento.

Denúncia de Cassie Ventura

Em novembro de 2023, Cassandra Ventura, de nome artístico Cassie, acusou P. Diddy, com quem namorou entre 2007 e 2018, de violência física e violações. Na ação movida contra o produtor e magnata da música, a cantora alegou que Combs a levou para o seu “estilo de vida ostensivo, acelerado e movido a drogas” não muito depois de se conhecerem e ela assinar contrato com a sua editora, Bad Boy Records, quando a cantora tinha 19 anos e o rapper 37, em 2005.

Um dia depois, a artista revelou que tinha chegado a um acordo judicial com Diddy, sem revelar pormenores sobre os termos.

Puff Daddy acusado de violação por Cassandra Ventura
Puff Daddy acusado de violação por Cassandra Ventura.
[Fotohgrafia: Chris Delmas / AFP]

As acusações de Cassie foram fulcrais para que outras mulheres avançassem com as denúncias contra Diddy. A 24 do mesmo mês, duas mulheres referiram que, na década de 1990, foram coagidas a ter relações sexuais com o músico.

Vítimas unem forças

O Ministério Público está a construir um caso sólido contra Combs, tendo já interrogado mais de 50 testemunhas e vítimas.

Esta sexta-feira, 27 de setembro, foi feita uma denúncia no Tribunal Supremo de Nova Iorque, por Jane Doe, nome fictício da vítima, que alega ter sido abusada por Puff Daddy ao longo de quatro anos. Doe foi a 12.ª pessoa a tornar a acusação pública, dias após a queixa apresentada por Thalia Graves.

O processo refere que, em 2022, a mulher foi forçada a tomar cetamina, droga que a fez “desmaiar” e “perder a consciência intermitentemente durante a noite”. Jane acabou por engravidar, tendo sido pressionada pela rapper Yung Mami, possível ex-namorada de Diddy, a abortar. Mais tarde, a mulher viria a perder o bebé.

Ao longo da carreira, o rapper terá violado menores, mulheres e homens. O nome de Justin Bieber foi, também, envolvido no escândalo, visto que era presença habitual nas festas. No meio da polémica, os cibernautas recuperaram um vídeo de Justin, na altura com 15 anos, a dizer que iria passar 48 horas “loucas” ao lado do magnata.

Incidente na Universidade de Nova Iorque

Puff Daddy é conhecido da justiça norte-americana desde 1991, ano em que organizou um jogo de basquetebol no ginásio da Universidade de Nova Iorque que vitimou nove pessoas e feriu outras 29.

O incidente aconteceu devido ao elevado número de pessoas no local: eram cerca de cinco mil convidados, quando o ginásio tinha uma lotação máxima de três mil. Na época, P. Diddy alegou que não era responsável pela segurança do local.