Christiane Torloni esteve no nosso país para mostrar o seu documentário “Amazónia – o Despertar da Florestania”. Atriz volta a Portugal em 2025 para uma peça de teatro com António Fagundes.
Num “momento de crise ambiental e institucional sem precedentes”, a atriz brasileira Christiane Torloni veio a Portugal falar do seu documentário “Amazónia – o Despertar da Florestania” e conversou com a N-TV sobre o tema. “Estamos a assistir à maior seca que já aconteceu na Amazónia, nunca se viu os rios com índices tão baixos de água. Os rios estão 13 metros mais baixos, o equivalente a um prédio de quatro andares. E isso leva à morte de várias espécies, peixes, botos”, lamenta a intérprete, de 66 anos, que adianta que “há um despertar para a florestania, inclusive porque o Amazonas era um dos estados mais preservados e infelizmente o garimpo ilegal entrou com tudo, contaminando muito afluentes”.
Como figura pública, a atriz lembra que sempre esteve na linha da frente como ativista pelos direitos humanos “logo nos anos 80 pela abertura política, pelas Diretas Já, e depois, na sequência, surgiu toda essa questão de ativismo ambiental”. “Enquanto atriz eu sempre me coloquei ao serviço da cidadania e florestania. Talvez pela maneira como eu tenha sido criada pelos meus pais eu não consigo ser indiferente, eu sou uma cidadã desse planeta e uso o meu trabalho como uma ferramenta de luta pelo bem-estar da nossa espécie, da nossa civilização e do nosso planeta”.
Com o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, houve um “desmantelamento de várias instituições que são responsáveis pela fiscalização e preservação dos biomas, não só os amazónicos”, acusa. “Uma atitude importante do atual presidente Lula da Silva foi reintegrar a ex-ministra Marina da Silva na pasta do Meio Ambiente e também incorporar uma importante liderança indígena em pastas ligadas aos direitos indígenas no Brasil”.
O reconhecimento internacional de Christiane Torloni ajuda na luta pela reflorestação da Amazónia, por se tratar de uma “profissional séria”. “Então, quando vem um filme assinado por mim, as pessoas têm curiosidade em ver do que se trata”. A exibição em Portugal, acrescenta, foi gratificante. “Tivemos a exibição em Coimbra, com um debate após a exibição do filme, e foi muito bonito. É muito interessante depois das exibições poder ouvir a plateia, ver como está a chegar ao coração dos portugueses e dos brasileiros. E tivemos a exibição em Lisboa, no Cinema São Jorge”.
Projetos no teatro
Além da luta pela floresta, Christiane Torloni tem novos projetos no teatro. “Sim, estão a chegar outros projetos em 2024/2025, principalmente em teatro. Vou fazer um espetáculo com um queridíssimo amigo meu, o António Fagundes, vai ser a nossa primeira experiência juntos no teatro”.
“Já tivemos várias experiências maravilhosas na teledramaturgia, fizemos várias parcerias na televisão e no cinema também. Vamos estrear no segundo semestre do ano que vem a peça ‘Dois de Nós’ e já estamos a programar uma digressão em 2025 para Portugal. Vai ser um prazer compartilhar novamente teatro com a plateia portuguesa”.
A última experiência que Christiane Torloni teve no nosso país foi a solo, em 2005, com ‘Mulheres por um fio’, que também é uma comédia, “e esse espetáculo vai ser bem interessante pelas leituras abertas que temos feito lá no Brasil”.
De resto, a ligação a Portugal tem muitos anos. “Eu sou apaixonada por Portugal. Sou muito bem recebida e acarinhada aqui, por isso volto sempre. Já morei em Portugal na década de 90, mas ainda tenho muito para conhecer! Quando estou em Portugal aproveito para matar ‘saudades’. Uma palavra tão linda e tão portuguesa!”, diz, à despedida.