O concurso da RTP1 celebra 20 anos, com uma emissão especial esta noite, a partir da Anadia. Fernando Mendes justifica o sucesso nas audiências e garante que, quando o formato for descontinuado, só fica no teatro.
É já esta noite, a partir da Anadia, que Fernando Mendes apresenta mais um “O Preço Certo” especial, que está a celebrar 20 anos. Além dos jogos que entretêm os telespetadores há duas décadas, o ator junta no palco os músicos Quim Barreiros, Augusto Canário, Toka&Dança e Luís Trigacheiro, numa emissão que começa a seguir ao “Telejornal” e termina já depois da meia-noite, no feriado.
“Infelizmente, com a pandemia não se pôde festejar mais pelo país, mas é bom levar o programa aos nossos telespetadores. Se calhar vou convidar um jogador de futebol para ajudar os bombeiros locais e depois serão os jogos normais”, resume Fernando Mendes durante um almoço com jornalistas em Campo de Ourique, Lisboa. “Acho que um formato, quando resulta, não se deve mexer, porque senão estraga”, acrescenta, sobre a longevidade e as sucessivas vitórias nas audiências no horário de acesso ao “prime time”.
“Gosto de ganhar, mas se assim não for não vou chorar, nem comer mais um bocadinho…” Porque “andar pelo país e sentir o carinho das pessoas é o mais importante”. “Dizem-me ‘não acabe com isto’, ‘não conseguimos jantar sem isto’, é ótimo de ouvir. Se o povo gosta, é fazer, isto tem a ver com o país real. Todas as classes sociais veem, os pais, os avós, os filhos e até os netos. Recebemos vídeos de crianças a bater palmas!” conta Fernando Mendes, que vê passar as gerações. “Tenho concorrentes que são netos porque os avós os obrigavam a ver o formato quando chegavam da escola, antes dos deveres. E aparecem idosos a dizer ‘já posso morrer porque apareci no seu programa’. Isso são coisas que tocam”.
Os concorrentes, sobretudo “os mais castiços”, fazem a emissão, mas Fernando Mendes guarda para si uma quota no sucesso. “Reconheço que sou um fator importante. Mas não é só talento, a sorte também e decisiva e isto foi a minha sorte grande. As pessoas vão mais depressa ver o gordo, embora agora seja meio gordo!” brinca.
José Fragoso, diretor de Programas da RTP1, reconhece mais à frente que o programa ainda tem largos anos pela frente, mas Fernando Mendes já sabe o que vai fazer se o formato terminar. “Eu não mudo de programa e quando ‘O Preço Certo’ acabar eu acabo também na televisão. Não me vejo a fazer telenovelas porque tenho de estudar muito e ler muitos textos. Nos programas cómicos há atores muito bons e, para mim, quando isto acabar, acabou. Fico-me pelo teatro”, assegura.
Curiosamente, há 19 anos, quando substituiu Jorge Gabriel, Fernando Mendes não estava com vontade de apresentar o formato e esperava ficar apenas três meses. “O que faço é o meu papel de ator, quando fui convidado eu não queria apresentar, os apresentadores têm uma bagagem intelectual e para mim aquilo era revista à portuguesa. Esperava ficar três meses, mas correu bem. Depois, um responsável inglês disse que eu não podia fazer isto assim, porque era diferente do mundo inteiro. Mais tarde disse ao mundo inteiro que afinal era assim que se fazia e puseram comediantes a apresentar em vários países!” refere, orgulhoso.
Sentado ao lado de Fernando Mendes, José Fragoso não esconde a satisfação por “O Preço Certo” reencontrar o público. “A última vez que fizemos foi em Barcelos com milhares de pessoas a assistir ao ar livre, foi fantástico. Agora vamos fazer na Anadia, durante a noite de 31 para 1, que é feriado, e vai ser das nove à meia-noite. É um formato de entretenimento puro para este 20.º aniversário, é um sucesso e uma marca da RTP e do entretenimento”, defende.
José Fragoso lembra a importância do formato na vida dos telespetadores. “Depois de uma interrupção voltou a chamar-se ‘O Preço Certo em Euros’ e foi quando entrou a moeda. As pessoas não sabiam o preço das coisas em euros e este programa serviu muito para saberem quando custam vários produtos”.
Com o sucesso das audiências, não há fim à vista. “Quando os programas estão a funcionar não faz sentir acabar. Este está numa faixa horária muito importante que é o acesso ao ‘prime time’ e cumpre muitíssimo bem. O programa pode funcionar muitos e largos anos”, garante José Fragoso.