O jornalista Emanuel Monteiro revelou este sábado no Instagram ter sido alvo de violência doméstica “durante mais de um ano, de forma consecutiva”. “Hoje, o agressor passa oito horas do dia numa secretária, a três metros de mim”, denuncia.
“Começou com um estalo e acabou com um espancamento, dentro da minha própria casa. Foi no dia do meu aniversário. Estava sem telemóvel, trancado, impedido de fugir ou de pedir ajuda. Estive à espera, durante todos os minutos daquelas três horas, que o agressor abrisse a gaveta da cozinha e de lá tirasse uma faca para acabar com o pouco que ainda restava de mim”, escreve no seu Instagram Emanuel Monteiro, o jornalista da TVI, autor da reportagem “Senhor Traveca”, exibida terça-feira passada na TVI e TVI24.
O profissional continua o relato de terror: “Fiquei gelado de medo, morto de espírito enquanto era agredido sem dó, nem piedade. Não consegui, sequer, defender-me”, afirma, classificando o sucedido com “o pior” que lhe “aconteceu na vida”.
Emanuel Monteiro conta que nunca conseguiu denunciar o agressor. “Às vezes, ainda tenho medo, muito medo. Nunca consegui denunciá-lo, por receio, por vergonha, mas sobretudo por compaixão e para não estragar a vida a uma pessoa, não faz parte de mim fazer mal aos outros”, escreve no Instagram.
Um ano depois do sucedido, o jornalista da TVI decidiu contar porque está na altura de “acabar com estas histórias” de violência doméstica. Emanuel Monteiro relata a sua história numa publicação em que recorda o homicídio de um jovem estudante de 20 anos, na madrugada de quarta-feira, na baixa do Porto.
De acordo com o JN, que cita fontes da investigação, tudo indica que Miguel Ribeiro tenha sido esfaqueado em casa, no segundo andar de um prédio da rua Fernandes Tomás, naquela cidade.
Na sua publicação no Instagram, o jornalista da TVI explica: “O Miguel foi morto pelo ex-namorado. Morto, à facada, dentro de casa, pelo André. O significado da verdadeira desumanidade, a redução do homem à condição de animal”, escreve Emanuel Monteiro.
O repórter diz que estes casos têm de ser denunciados. “Tenho a certeza, e a responsabilidade é de todos nós. É da falta de educação cívica para a denúncia. A denúncia em episódios de violência, sobretudo recorrentes, é fundamental. Mesmo que as vítimas não o consigam fazer (é sempre tão difícil e aterrador), é responsabilidade dos amigos, dos familiares e dos colegas de trabalho alertar as autoridades, assim que saibam de alguma coisa”, escreve na publicação.
“Um ano depois, e com a história do Miguel, tenho a certeza: do que mais me arrependo é de não ter apresentado queixa-crime. Hoje faria tudo diferente. É que o André matou o Miguel. E o Miguel poderia ser o Emanuel. Depende de nós acabar com estas histórias. Amor só pode ser amor, nada mais. É por amor que vos peço: sejam fortes, denunciem qualquer episódio de violência doméstica ou no namoro!”, conclui.
Lei aqui as declarações exclusivas de Emanuel Monteiro à N-TV:
TEXTO: Nuno Azinheira