O presidente da RTP esteve na Assembleia da República e, entre várias matérias da estação pública, abordou o esforço financeiro com a guerra na Ucrânia.
Nicolau Santos, que falava na comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, sublinhou que 2022 foi “um ano perfeitamente atípico”, em particular para as empresas de media, já que a guerra da Ucrânia aumentou o esforço financeiro da RTP com as equipas enviadas para o terreno, com a cobertura a custar cerca de “700 mil euros”.
Além disso, houve o aumento dos custos de energia, a subida dos preços unitários dos fornecedores da RTP, das taxas da juro, os quais “particularmente este ano vão ser muito significativos” e “aumentos salariais que não existiam desde 2019”, elencou.
Apesar de tudo isto, “penso que o ano de 2022 marca efetivamente uma viragem fundamental: é que a partir de agora – e com o atual enquadramento financeiro da empresa – a RTP provavelmente vai passar a dar com regularidade resultados negativos ou muito próximo de negativo”, advertiu Nicolau Santos.
“E porquê? Porque como os senhores deputados sabem a Contribuição para o Audiovisual [CAV] está congelada desde há alguns anos, as nossas capacidades de captar receitas comerciais e de publicidade também estão limitadas e por outro lado há custos que estão sistematicamente a crescer e a crescer de forma significativa. E, portanto, estas duas tendências obviamente vão conduzir a RTP a uma situação orçamental difícil nos próximos anos”, considerou o gestor.
Nicolau Santos acrescentou que apesar dos constrangimentos financeiros que a empresa atravessa – tem a Contribuição para o Audiovisual (CAV) congelada e as receitas limitadas –, a RTP “não pode parar”.
Assim, este ano “estamos a contar com um esforço de investimento grande” dirigido “para a recuperação total de dois estúdios do Centro de Produção do Norte (CPN) que hoje em dia tem peso já muito significativo na produção de conteúdos no âmbito da RTP e a conclusão de dois novos estúdios para a rádio na sede em Lisboa e a renovação visual dos estúdios de informação em Lisboa”, anunciou o gestor.
“Ficará também concluída toda a renovação da empresa”, incluindo as regiões autónomas, “para o sistema HD que até agora não existia”, continuou o presidente do Conselho de Administração da RTP, que admitiu que “muitos outros investimentos serão necessários (…), mas não há capacidade financeira para os fazer a curto prazo”.
Recordou que está em vigor o processo de reorganização interna que envolveu 150 pessoas oriundas das segundas linhas das hierarquias.
O processo, disse, “continua a decorrer” e tem como objetivo transformar a RTP numa empresa cada vez mais multiplataforma em que o digital “estará no posto de comando”.
Com LUSA