Já se sabe quem é a Figura do Ano 2017 da “Time”. E não é uma figura…

Fotografia: "Time"

Uma vitória para os direitos humanos. O movimento que denunciou milhares de casos de assédio sexual e violação pelo mundo conquistou o júri da revista “Time”. #MeToo é a Figura do Ano 2017.

Na capa tradicionalmente dedicada à pessoa mais influente do ano surgem, nesta edição, cinco mulheres, Ashley Judd, Susan Fowler, Adama Iwu, Taylor Swift e Isabel Pascual, que confessaram este ano ter sido vítimas de assédio sexual.

O movimento #MeToo, que começou depois de a atriz Ashley Judd ter revelado que foi assediada pelo realizador de cinema Harvey Weinstein, desvendou milhares de casos de assédio sexual e violação em várias áreas da sociedade por todo o mundo. Por isso mesmo, os “Quebradores de Silêncio”, como são apelidados pela publicação, foram considerados a Figura do Ano 2017.

O episódio deslindado por Ashley Judd data de 1997, durante um encontro agendado por Harvey Weinstein. A atriz resolveu quebrar o silêncio e denunciar o sucedido. “Em vez de se ter mantido calada sobre um tipo de encontro que poderia facilmente ter reduzido uma mulher ao silêncio, ela começou a espalhar a mensagem pelo mundo”, escreve a revista.

O movimento #MeToo foi lançado em outubro passado por Alyssa Milano, atriz e produtora. O objetivo, segundo ela, era que todas as pessoas que tenham passado por uma situação de assédio ou violação usassem a “hashtag” numa rede social.

A etiqueta, que surgiu no rescaldo dos casos de abuso por Harvey Weinstein, foi usada 200 mil vezes só no dia em que foi criada, a 15 de outubro. Vinte e quatro horas depois, o movimento já era seguido por mais de 4,7 milhões de pessoas, em 12 milhões de publicações.

De repente, a “hashtag” #MeToo estava nas redes sociais de centenas de famosos e de anónimos, que até àquele momento nunca tinham tido a coragem de denunciar episódios de assédio de que foram vítimas.

Ashley Judd juntou-se às atrizes Alyssa Milano e Selma Blair, à ativista Tarana Burke, à cantora Taylor Swift e a outros homens e mulheres famosos para incentivar o mundo a desvendar esses casos. Agora, a revista “Time” intitula-os de “Quebradores do Silêncio” e considerou o grupo a figura mais importante do ano que está prestes a terminar.

Um “ato de coragem” que a publicação norte-americana aplaude desta forma, disse o editor da publicação, Edward Felsenthal, ao programa “Today”, da NBC.