A autobiografia de João Ricardo. “A idade, como o cancro, tinha-me trazido paz”

Rodrigo, filho de João Ricardo, vai apresentar o livro “Os dias que (não) contam”, da autoria do ator. A editora Oficina dos Livros garante que a obra já estava a ser escrito aquando da morte do intérprete.

O filho, com quem conheceu “verdadeiramente o amor”, a mãe, “uma mulher lindíssima, das mais bonitas” que conheceu, o pai, que saiu de casa no dia em que lhe atirou “uma faca que passou (bastante) ao lado”, e a avó Joana, que lhe “ensinou o medo”.

Não falta ninguém em “Os dias que (não) contam”, uma autobiografia de João Ricardo que será lançada a título póstumo no próximo dia 22, no Bar do Teatro A Barraca, em Lisboa, pelo filho, Rodrigo, de 13 anos, e pelos amigos e atores Custódia Gallego e Paulo Oom.

Na obra, editada três meses após a morte, na sequência de um tumor no cérebro, João Ricardo admite que “a idade, como o cancro, [lhe] tinha trazido paz”. “Comecei a compreender as relações que me faziam mal, a entender-me como homem, a fazer as pazes comigo”, reconhece o ator, que perdeu a vida aos 53 anos.

Uma vida em que o amor teve sempre lugar. “Quando amei, amei profundamente. Quando errei, errei com a mesma veemência. Com tudo de mim, por inteiro”, escreve João Ricardo, que se define como “um homem de amores” e “perdidamente apaixonado”.

Com um passado como sem-abrigo, sempre recusou o título de “coitado”. “Sim, houve alturas em que não tive nada. Mas também tive outras em que tive tudo. [A vida] Fez de mim quem sou. Um homem que tem tanto de bom como de mau, embora goste de acreditar que tenho um bocadinho mais de bom que de mau”, acredita João Ricardo, que embora tenha representado 40 anos, assegura que “já era ator muito antes de o ser”. “É este o maior espetáculo do mundo: a vida”.

TEXTO: Dúlio Silva

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