Com a série da SIC na última temporada, o ator faz o balanço do produto que deu a liderança nas audiências à SIC. Diz que é um mau da fita acarinhado e que gosta de gozar com ele mesmo.
É o vilão do momento na série líder de audiências da SIC, mas garante que os telespetadores até simpatizam com o seu Caio, que engana a própria mãe, Maria do Céu Garcia (interpretada por Maria João Abreu), em busca da fortuna que a ex-vendedora de fruta ganhou com o Euromilhões.
O jovem segurança de “Golpe de Sorte” não para de armar esquemas, mas a verdade é que a sua infância sofrida num orfanato ao lado de Miriam (Dânia Neto), a parceira no crime, pode justificar as suas ações.
“As pessoas não me tratam mal na rua, porque já não confundem a personagem com o ator. Pelo contrário, o que tem acontecido é uma grande empatia com o Caio, porque normalmente nas personagens que fazem coisas menos positivas costuma haver um sentimento de repulsa”, começa por dizer o ator à margem da apresentação da série “Desliga a TV”, da RTP1.
Jorge Corrula admite que, com a sua personagem, “há grande simpatia pelo comportamento desviado da personagem, o que é curioso”. E explica: “No início das gravações falei da comparação com o filme “Bonny e Clyde”, no qual a personagem masculina era idolatrada por toda a gente, embora fosse um fora da lei. Isso devia ser objeto de estudo, as pessoas sentirem-se identificadas com o lado negro”.
O ator alega que há um motivo para a sua personagem não ter carácter. “Não é a primeira vez que faço o vilão e não acredito que as pessoas são más só porque sim. Há todas umas circunstâncias à volta que levam as pessoas a ter aquele comportamento”.
“Dei um grande suporte comportamental ao Caio para ele ser assim e é interessante ver que esse trabalho de contextualizar a personagem é agora reconhecido pelo público, mais de que só as ações da personagem”, acrescenta.
O intérprete começou a desenvolver o seu papel ainda antes de estar concluído: “Aconteceu uma coisa curiosa na série: de repente a escrita, que não estava terminada, foi indo encontro aquilo que pensei da personagem. Isso é revigorante!”
A liderança das audiências no “prime-time” apanhou o elenco de surpresa. Para Jorge Corrula, há vários “ingredientes” nesta “receita”. “As audiências surpreenderam toda a gente. Já falámos muito sobre a receita que levou a este sucesso e é não só o contexto televisivo, mas o elenco, a história, a aposta na altura certa da SIC… para mim há um factor importantíssimo, que é a Maria João Abreu. Esse, para mim, é o factor fundamental”.
Jorge Corrula está a acabar as férias e segue-se o próximo projeto. O intérprete garante que não está preocupado. “Os atores costumam ficar ansiosos para o projeto a seguir, mas não é o meu caso. Estou de férias porque fiquei esgotado com o ‘Golpe de Sorte’ e preciso de ganhar memórias novas para fazer personagens diferentes”.
Jorge Corrula não é exclusivo de nenhuma estação e, até agora, não se arrependeu. “Tive contrato de exclusividade com a TVI durante dois anos, fiquei preocupado quando terminou, mas foi o momento da minha vida profissional no qual tive mais trabalho. No meu caso é ótimo não ter contrato de exclusividade com nenhuma televisão porque não tenho a obrigatoriedade de trabalhar só para um canal e posso agora saltar de projeto em projeto”, conclui.
“Sou o primeiro a gozar comigo”
“Desliga a TV” estreia-se esta segunda-feira à noite, na RTP1, e promete parodiar todos os programas dos canais. Jorge Corrula junta-se a um elenco composto por Patrícia Tavares, Márcia Breia, Fernando Mendes ou Carlos Cunha.
“Este é um programa de sketches, uma espécie de ‘zapping’ que as pessoas vão poder fazer sem mudar de canal, porque vamos gozar com o que temos produzido de bom e menos bom”, diz Jorge Corrula, que também vai brincar com a sua personagem Caio na série da SIC: “Sou o primeiro a gozar comigo e sempre pus um pé na comédia”, remata.
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