José Cid agradece a Jay-Z: “Obrigado por ter dado voz a uma banda silenciada”

José Cid, um dos membros da banda Quarteto 1111, agradeceu hoje ao “rapper” norte-americano Jay-Z por se ter lembrado “da melhor banda continental da sua época” e que foi “completamente silenciada em Portugal”.

“Fiquei muito contente por saber que ele procurou e descobriu uma banda de um país onde em 1970 o pop praticamente não existia e que, mesmo atualmente, continua a ser um nicho musical, se compararmos à escala americana”, afirmou o cantor em exclusivo à N-TV.

Em causa está a música “Todo o Mundo e Ninguém”, escrita a partir de um texto de Gil Vicente e cantada pelo Quarteto 1111 em 1970, e que agora foi utilizada pelo rapper norte-americano para um dos temas do seu mais recente álbum, 4:44.

A faixa em que é possível ouvir o excerto da música portuguesa chama-se “Marcy Me”.

Em declarações à N-TV, José Cid admite que ainda não ouviu a música, mas que está curioso, até porque gosta de rap, porque “revela sempre alguma objeção de consciência e algum sonho e isso deve fazer parte da música”. “De qualquer forma, sendo eu um melómano, é natural que goste de música com mais melodia. E o rap é mais mensagem”, acrescentou.

“Gosto do Jay-Z, embora a minha praia seja outra. Gosto mais do Leonard Cohen, do James Taylor ou dos Beatles, mas gosto de ouvir as mensagens do Jay-Z”, brincou o cantor português, que completou em fevereiro 75 anos.

Cid destacou o facto de “ter sido alguém de fora de Portugal a dar notoriedade a uma banda completamente silenciada em Portugal”. “O Quarteto 1111 foi injustiçado pela censura do regime”, acrescentou.

“Se ninguém tem coragem de o dizer, sou eu que o digo: o Quarteto 1111 foi a melhor banda continental da sua época e em Portugal ninguém deu por isso”, sublinhou.

Foi há cerca de seis semanas que Tozé Brito, outro dos membros da banda, recebeu da Sociedade Portuguesa de Autores a notificação de que Jay-Z pretendia usar um sample do tema “Todo o Mundo e Ninguém”.

Em declarações ao “Diário de Notícias”, Tozé Brito revelou que “é simpático, é bonito e é uma honra um artista deste estatuto usar um excerto” da música.

A música foi lançada na plataforma de “streaming” criada pelo próprio músico, a Tidal. No álbum estão, ainda, presentes os créditos aos músicos portugueses José Cid e Tozé Brito, que vão receber parte dos direitos de autor. “Uma verba simpática”, como reconheceu Tozé Brito.

O compositor, casado com a cantora Beyoncé, conta já com mais de 20 anos de carreira. Este é 14º disco a ser lançado, tendo-se estreado com o ÁlbUm Reasonable Doubt, em 1996.

TEXTO: Nuno Azinheira

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.