Manuela Moura Guedes comenta acusação de José Sócrates: “Meteu-se num 31!”

Fotografia: Paulo Martins/Global Imagens

A jornalista Manuela Moura Guedes, que durante a sua passagem pelo “Jornal Nacional – 6ª Feira” deu a cara por várias investigações sobre o então primeiro-ministro José Sócrates, que motivou alegadamente o seu afastamento do pequeno ecrã, falou sobre a acusação de que o antigo chefe de governo está a ser alvo.

Na sua conta de de Facebook, numa mensagem pública, o antigo rosto da informação da TVI considera que José Sócrates, formalmente acusado da prática de 31 crimes, no âmbito do Operação Marquês, “se meteu num 31!”

E recorda o momento do seu afastamento, alegadamente pressionado pelo antigo primeiro-ministro, que culminou com o fim do noticiário que Manuela Moura Guedes apresentava na estação de Queluz de Baixo. “Agora talvez percebam o sentimento de injustiça com que tenho vivido desde que Sócrates fez com que a Administração da TVI acabasse com o Jornal (de Sexta) que era da minha responsabilidade e com o meu trabalho como jornalista. Foi há 8 anos!”

“Nunca mais tive hipótese de fazer jornalismo apesar de ter procurado contar a verdade acerca do primeiro-ministro de Portugal.”
Manuela Moura Guedes

E continua: “Estranho, não é? Devia ser ao contrário. Eu e os jornalistas da minha equipa devíamos ser disputados entre os meios de comunicação social. Mas não. Dos 7 ou 8 jornalistas que faziam o ‘Jornal de Sexta’, 3, dos melhores, abandonaram a profissão, o jornalismo, porque deixaram de ter condições sérias para o exercer, um está no desporto, eu fui para o ‘degredo’, os outros ninguém dá por eles. Resta a resistente Ana Leal!”

Manuela Moura Guedes acaba por ser uma intensa voz crítica sobre o estado do jornalismo em Portugal, afirmando que “algo vai muito mal neste país quando a informação tem de se ajeitar à política e a interesses vários”.

A jornalista especifica com o interesse da Altice na compra da TVI pela Media Capital, comentando uma recente tomada de posição do atual chefe de governo de Portugal, António Costa. “Quando, por exemplo, um primeiro-ministro (Costa) diz aos eventuais compradores da TVI (Altice) que seria bom manterem lá o diretor de Informação (Sérgio Figueiredo) e a Administradora espanhola (Rosa Cullell)… Parece que acha a linha editorial da estação muito boa…”

“O assustador e que revela como está a Comunicação Social em Portugal é a passividade e normalidade com que isto foi recebido. Tudo se aceita, até a interferência de um chefe de Governo na linha editorial de uma televisão!”
Manuela Moura Guedes

Manuela Moura Guedes termina a nota considerando “uma anedota” que, por isso, há oito anos se tenha levantado “o Carmo e a Trindade porque um pobre e indefeso primeiro-ministro estava a ser vítima de uma campanha pessoal por parte de uma jornalista.”

TEXTO: Dúlio Silva