Matilde Breyner recorreu às redes sociais para lembrar o aborto no mês em que se assinala a consciencialização da perda gestacional.
A intérprete deu assim o seu testemunho e revelou com lidou com a perda do bebé.
“Outubro é o mês da consciencialização para a perda gestacional. Dia 8 de outubro, o dia que estava apontado para o nascimento da nossa filha. Pensei muito no que queria escrever aqui hoje. Tive vontade de não partilhar nada, vontade de partilhar tudo, até que decidi esperar para que o dia chegasse e escrever o que me vai no coração”, começou por dizer.
“Escrevo sobretudo por todas as famílias, por todas as mulheres, que vão ou que estão a passar pelo mesmo que nós. Foi muito importante para mim e para o Tiago (Felizardo) ouvir o testemunho de outras pessoas para percebermos como é que se faz este caminho. Falei com quatro amigas minhas que, assim que lhes liguei, já estavam a bater à porta de nossa casa para abrir o coração connosco. Também elas já tinham passado por isto e foi através da partilha que encontrámos um rumo”, continuou.
“Não há certos nem errados na maneira como se vive o parto de um filho que não vai para casa connosco mas, quem sabe, este post não possa fazer por alguém o mesmo que estas quatro mulheres fizeram por nós. O primeiro passo foi começar a ter apoio psicológico uns dias antes do parto. A Joana Martins deu-nos um conselho precioso que decidimos seguir à risca: enfrentar todos os nossos medos no dia do parto. Foi isso que fizemos”, prosseguiu.
“O parto foi o momento mais bonito e poderoso que vivi na minha vida. Pegámos na nossa filha, demos-lhe muito amor, muitos beijos e despedimo-nos dela como queríamos. Fomos buscar forças ao Amor que sentimos por ela. Mas também ao Amor que recebemos da nossa família e amigos, com quem rimos e chorámos, que nos deram colo, que nos trouxeram comida e que nos encheram a casa de flores”, disse ainda.
“Esta fotografia simboliza isso tudo. Foi tirada pelo Tiago no momento em que os nossos irmãos e amigos apareceram na janela da maternidade para dizerem que estavam ali connosco. Permitam-se viver a vossa dor mas não se fechem numa bolha. A perda gestacional, seja ela causada porque motivo for, não pode ser um assunto tabu. A todas as Mulheres que passam por isto, recebam o meu abraço infinito”, concluiu.