“Michel da Costa deixa legado culinário ímpar na televisão”, dizem chefs portugueses

Fotografia: Paulo Spranger/Global Imagens

O chef morreu ontem, aos 77 anos, e os cozinheiros recordam que Michel da Costa abriu espaço no pequeno ecrã para as atuais gerações.

Um cozinheiro que abriu espaço na televisão não só à culinária, como às atuais gerações de cozinheiros. É desta forma que muitos chefs conhecidos do grande público lembram Michel da Costa, que morreu ontem, aos 77 anos.

Vítor Sobral, cozinheiro, autor, professor e consultor gastronómico, que avaliou, recentemente, o desempenho dos aspirantes no “Masterchef Portugal”, da RTP1, recorda Michel da Costa com nostalgia. “Teve a altura dele mais relevante no início do cozinheiro profissional, que levou à televisão. Teve essa importância na cozinha portuguesa”, resume.

Óscar Geadas, que ganhou uma estrela Michelin no restaurante G Pousada, em Trás-os-Montes e também integrou o concurso culinário da RTP1, afirma que já sente “saudades”. “O chef Michel foi das primeiras pessoas a fazer programas de televisão sobre culinária. Vai deixar um grande legado em quem trabalhou com ele, e não só, porque os telespetadores replicavam em casa os seus cozinhados”, refere, numa alusão aos tempos, na década de 80, em que a RTP recebia centenas de telefonemas de telespetadores para repetir as receitas.

Para o chef Kiko Martins, o desaparecimento de Michel da Costa marca “um dia triste”. “Conheço o Olivier e é um dia muito triste. Não conheci o cozinheiro, nem trabalhei com ele, mas admiro o seu trabalho, sempre importante, quer na cozinha em televisão, quer através dos nossos sabores que levou lá fora”.

Michel da Costa ganhou fama em vários programas de televisão, na RTP e na SIC, nos anos 70, 80 e 90. Nascido em Marrocos, teve formação em França e foi responsável pela mesa de 5040 metros que, em 1998, inscreveu no Livro de Recordes do Guiness a inauguração da Ponte Vasco da Gama, com uma feijoada para 15 mil pessoas.

Foi distinguido pelo Guia Michelin na década de 70 e o grupo de restauração do filho, Olivier da Costa, lembra que foi também “responsável pelo banquete de entrada de Portugal na União Europeia (então CEE)” e “representou o país em várias ocasiões em cidades como Viena, Nova Iorque, Rio de Janeiro, Maastricht e Sidney”.

Olivier da Costa recorreu ao perfil de Instagram para deixar uma última mensagem de despedida ao progenitor. “Foste hoje e foi melhor assim. Fica a memória dos teus dias de glória e de família e é como eu gosto de me lembrar de ti”, afirmou.

“Podíamos ter sido muito fortes juntos, mas o destino decidiu irmos cada um para seu lado. Ficas na minha memória como o melhor chefe de sempre em Portugal. Um mentor e professor. Amo-te, pai!” rematou Olivier da Costa.