Não há chuva que apague a chama dos Muse

Fotografia: Rita Chantre / Global Imagens

Matt Bellamy e a restante banda deram um concerto cheio de pirotecnia que a chuva intensa que caiu no Parque da Bela Vista não conseguiu apagar.

Chuva e fogo na mesma noite. De um lado os britânicos Muse com um espetáculo grandioso de pirotécnica e do outro a chuva que começou a cair aos poucos no Parque da Bela Vista, palco do Rock in Rio Lisboa, que não fez ninguém arredar pé.

Matt Belammy, Cristopher Wolstenholme e Dominic Howard levaram o público (70 mil espectadores, dados da organização) ao rubro com uma atuação e um som estrondosos, que começou com o grupo com uma máscara em “Chant”, por volta das 23.20 horas e só terminou depois da meia-noite com “Knights of Cydonia”.

Pelo meio o imenso público, encharcado, a vibrar com cada canção e a delirar com Bellamy a fazer “riffs” de guitarra de joelhos para em seguida atirar o instrumento ao ar para ficar completamente partido.

A banda tocou “Will of The People”, “Hysteria”, “Drill Sergeant”, “Psycho”, “Pressure”, “Wont Stand Down” (com fogo a sair do palco e público em extase”, “Stockholm”; “The Gallery”, “Compliance”, “Thought Contagion” (mais pirotecnia), “Interstitial”, “Plug in Baby”, “Behold, The Glove”, “Uprising”, “Drop Kubuki”, “Prelude into Starlight” (confetis a invadirem a Bela Vista) e “Kill or Be Killed”.

Um grande concerto dos Muse, com muito fogo, que a água que caiu a potes não conseguiu apagar. Os Muse apresentaram-se no Rock in Rio em substituição dos Foo Fighters, que perderam o vocalista Tayler Hawkins, que morreu no final da marco.

Muita festa durante a tarde

Durante a tarde, os passageiros do Airbus 330-343 com destino a Cubo que ontem sobrevoaram Lisboa durante mais de duas horas, com o avião a aterrar em segurança depois de um problema no trem de aterragem, devem ter tido uma vista privilegiada sobre o recinto da Bela Vista, ao lado do aeroporto.

Já caia à noite e era hora de jantar quando, em palco, surgiram os The National. A banda norte-americana de índie rock formada Brice Dessner, Matt Berninger, Bryan Devendorf, Aaron Dessner, Scott Devendorf e Padma Newsome entrou a todo o gás no Palco Mundo. Por entre vários sucessos, Berninger retribuiu as boas-vindas do público. “Sim, também tivemos tantas saudades vossas”, exclamou.

No regresso aos grandes festivais quase três anos depois, devido às contingências da pandemia, cerca de 40 mil pessoas aplaudiram os Xutos & Pontapés, que abriram o Palco Mundo do Rock in Rio Lisboa, com muito público a acumular-se a partir das 17 horas. O concerto acabou por ficar marcado pelo discurso do vocalista Tim sobre a Covid-19 e a guerra. “Tínhamos saudades de estar juntos e ainda falta um bocado para ficar tudo bem, mas vai ficar, é preciso esperança”, disse Tim. “Temos de acabar com a guerra e destruição”, acrescentou o artista, antes de interpretar a música de esperança “Negras como a Noite”.

A banda de Tim, Kalu, João Cabeleira e Gui mostrou se rendida. “Obrigado pela paciência e pela oportunidade que nos deram isto está quase cheio”, concluiu Tim, antes de se lançar para o último tema da banda, “Maria” e o “encore” “Casinha”.

Seguiu-se Liam Gallagher, pouco passava das 19 horas. O cantor britânico, que com o irmão, Noel, dominou as tabelas de música com os Oásis, a partir dos anos 90 e até ao início da década de 2000, mostrou grande fulgor em palco, depois do arranque com “Hello” e já com “casa” praticamente cheia a aplaudir, altura em que foi levantada a primeira tocha, que passou a segurança e entrou no recinto. O espetáculo competente do britânico, que lembrou que “há muito tempo que não os via”, com alguns “obrigados pelo meio”, terminou com “Wonderall”, dos Oásis, com o público a cantar o refrão.

Insufláveis com longas filas

Num festival com várias horas de duração, os chapéus, as bebidas, a comida e os insufláveis para os espectadores se sentarem foram os mais procurados. No caso dos insufláveis, cortesia de uma das marcas de telecomunicações presentes, as pessoas estenderam se por longas filas, com quase um quilómetro.

Pais e filhos saíam, satisfeitos, do stand, com a certeza que vão ter um lugar cómodo neste verão, na praia mais próxima.