O caso Harvey Weinstein foi só o início. A onda de escândalos sexuais que abala Hollywood

As acusações de assédio e abusos sexuais que envolvem o produtor Harvey Weinstein desencadearam uma onda de escândalos sem precedentes. São já mais de 40 os homens acusados de crimes sexuais.

Todos os dias se somam novas acusações às já existentes de alegadas vítimas de assédio sexual por parte do mais recente “vilão” de Hollywood: Kevin Spacey, de 58 anos. Na nova vaga de acusações, noticiadas pela BBC na passada quarta-feira (dia 8 de novembro), três homens e uma mulher queixam-se de terem sido assediados pelo ator norte-americano.

Uma das denúncias foi feita pela jornalista norte-americana Heather Unruh, mãe de uma das alegadas vítimas. O caso terá ocorrido em julho de 2016 num bar de Nantucket, Massachusetts. A estrela de “House of Cards” terá comprado álcool ao filho de Unruh, então com 18 anos e, depois de embebedar o jovem, “pôs-lhe a mão dentro das calças” e agarrou “os genitais dele”, escreve a BBC, citando a mãe do rapaz. O ator terá depois convidado o adolescente para uma festa, mas, aproveitando uma ida de Spacey à casa de banho, o filho da jornalista fugiu. Heather Unruh revelou ainda que está já a decorrer uma investigação criminal a este episódio.

Recorde-se que a primeira denúncia contra Spacey, que entretanto foi afastado de todas as produções da Netflix e, soube-se agora, do “thriller” de Ridley Scott “All The Money In The World”, veio a público quando o ator Anthony Rapp o acusou de o ter assediado aos 14 anos. Spacey emitiu um pedido “sincero” de desculpas, assumindo também a sua homossexualidade, como lhe contámos aqui.

Ao todo, Kevin Spacey foi acusado de práticas abusivas ou assédio sexual por 12 pessoas, sendo que oito partiram de pessoas que trabalharam ou trabalham na produção de “House of Cards”, o original da plataforma de streaming que o ator protagoniza, como lhe contámos aqui. Após a onda de escândalos, a porta-voz do ator norte-americano, informou que Kevin Spacey irá “tirar o tempo necessário para procurar tratamento”.

Esta é apenas a “ponta” de um dos “icebergues” no que toca ao conjunto de acusações de crimes sexuais que tem abalado Hollywood. Depois de o produtor Harvey Weinstein, de 65 anos, ter sido acusado por quase uma centena de mulheres, entre elas estrelas como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Cara Delevingne e Ashley Judd, 40 outros casos vieram a público.

No dia 1 do presente mês de novembro, as atrizes Natasha Henstridge e Olivia Munn, assim como outras quatro mulheres, acusaram o realizador Brett Ratner de violência sexual, como avançou o jornal norte-americano “Los Angeles Times”. Este desmentiu todas as acusações através de uma declaração do seu advogado.

No mesmo dia, a escritora Anna Graham Hunter revelou que foi vítima de assédio sexual por parte de Dustin Hoffman, um dos mais veteranos de Hollywood, hoje com 80 anos. Os episódios de assédio terão acontecido em 1985, quando Hunter tinha apenas 17 anos e Hunter era estagiária na rodagem do filme “A Morte de um Caixeiro-Viajante”, de Volker Schlöndorff, altura em que Hoffman lhe terá feito propostas de índole sexual e colocado a mão nas nádegas por diversas vezes.

Já o mais recente caso foi divulgado esta quarta-feira pelo tabloide norte-americano “The National Enquirer” e envolve Charlie Sheen. A estrela da série “Dois Homens e Meio” é acusado de ter violado Corey Haim quando este tinha 13 anos e Sheen 19, durante as filmagens do filme “Lucas”, em 1986.

Foi um amigo pessoal da vítima, Dominick Brascia, que falou sobre o alegado abuso sexual ao “The National Enquirer”, já que Corey Haim morreu em 2010, com 38 anos. Brascia afirma que Corey “que fez sexo com o Sheen quando estavam a filmar ‘Lucas’”. “Ele disse-me que ambos fumaram droga e tiveram relações sexuais. Disse-me que fizeram sexo anal, mas que depois Sheen ficou frio e distante”, acrescentou. O ator já reagiu a esta notícia, segundo avança a revista “People”, negando todas as acusações.

James Toback e Woody Allen, realizadores e produtores, e os atores Casey Affleck, Emile Hirsch, Bill Cosby ou Arnold Schwarzenegger são também acusados por várias mulheres de terem tido comportamentos inadequados e insinuantes.

A onda de acusações chegou também a outros meandros. Recorde-se do caso que envolveu Terry Richardson, famoso fotógrafo de moda, que acabou proibido de colaborar com o grupo que detém revistas como a “Vogue” ou a “Vanity Fair” após as acusações de assédio.

Uma “guerra aberta” que não é exclusiva aos homens. Recentemente, também Mariah Carey foi acusada de assédio sexual por um ex-funcionário, Michael Anello. Segundo o site TMZ, Anello foi humilhado pela cantora que o ofendeu com termos como “nazi”, “skinhead” e “supremacista branco”.

Michael revelou ainda que Mariah “protagonizou atos sexuais com a intenção de que eles fossem vistos”. Numa viagem feita ao México, a cantora pediu que ele fosse ao seu quarto tratar das suas malas. Ao chegar ao local, Carey usava uma camisola transparente que estava aberta. Ele quis fugir, mas ela insistiu num possível envolvimento. Posteriormente, o segurança conseguiu sair sem que tivesse havido contacto físico. Anello é dono da empresa de segurança que prestou serviços à cantora e exige o pagamento de 500 mil dólares (430 mil euros). Para além disso, a cantora pop deverá enfrentar a justiça em breve.

Ja há 70 anos, a estrela de cinema irlandesa Maureen O’Hara se queixava do comportamento dos produtores e realizadores de Hollywood. Foi numa entrevista ao “The Mirror” que a atriz, na altura com 25 anos, tomou uma posição assertiva, denunciando os rumores que lançavam sobre si, por se recusar a ter relações sexuais e a beijar um produtor ou realizador todas as manhãs. Um excerto da entrevista, de 1945, foi partilhado no passado domingo (dia 4 de novembro) pelo pianista James Rhodes no Twitter e rapidamente se tornou viral.

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