Paulo Pires: “A personagem tem de ter alguma coisa que a ponha em causa”

Paulo Pires
Fotografias: Instagram/Paulo Pires

O ator Paulo Pires volta às novelas no papel de “avô” que é “boa onda” e conta que na vida real pode inspirar-se em algumas características do seu “Roberto Pimenta” da novela “Queridos Papás”.

Paulo Pires está no “ar” noutra novela, mas, desta vez, longe dos galãs ou dos vilões que o celebrizaram junto do grande público nas últimas décadas. “Depois dos galãs e dos vilões tenho recebido papéis para me divertir mais. Gosto disso, e uma vez, em conversa com alguém, dizia que embora as pessoas me vejam sempre no papel de galã, gosto muito mais de outras personagens interessantes porque saem desta zona”, refere o ator à N-TV, à margem de gravações de “Queridos Papás” na Plural Entertainment, em Bucelas.

“Para mim é indiferente desde que o papel tenha conflito, o pior é quando não acontece nada à personagem. Não defendo a ideia de que a personagem tenha de ser vilã para ser interessante, tem que ter é alguma coisa que a ponha em causa, que faça sofrer, algo que traga sensações”.

Paulo Pires recorda: “Depois de algum peso nos ‘Olhos nos Olhos’, ou em ‘A Herdeira’, que são novelas que gostei muito de fazer, aqui há uma certa leveza: em alguns aspetos faz lembrar o ‘Tozé’ do ‘Para Sempre’, era uma personagem muito diferente de mim, porque apesar da sua idade não está instalado na sua vida quotidiana e isso é giro”.

Em “Queridos Papás” o ator faz de pai da personagem de Tiago Teotónio Pereira e, no enredo da TVI, já é avô. Aos 56 anos, o intérprete e manequim recusa dar-se como reformado. “Nem sequer estou mais gordo nem nada…”, brinca. “Para mim é igual, porque só é avô no nome. O que é giro é que tenho filho, netos, mas é tudo menos pesado, porque ele é até um pouco mais leve do que o filho: não é um avô de mantinha nos joelhos no sofá, mas está numa onda mais hippie com a sua namorada, a acreditar nas energias e no universo”, descreve Paulo Pires, que não fez trabalho específico para o papel. “Não estive com alguém, porque ao longo da vida cruzamo-nos com muitas pessoas e acabamos por ter as nossas referências. Depois é um homem normal que tem uma história do passado, que não está absolutamente revelada, era dono da pizzaria e depois são as consequências”, acrescenta

E o papel poderá servir de inspiração para a vida real? “Gostava de ser um avô como ele, não em todos os aspetos, mas se a vida for encarada com leveza – acho que deve ter sempre responsabilidade – quero sentir-me como criança, mas ciente das minhas responsabilidades. Foi isso que me aconteceu desde miúdo: cresci a tornar-me responsável bastante cedo, mas a gostar de fazer as minhas palhaçadas e a encontrar o lado bom das coisas”.

Paulo Pires acumulou a novela com o teatro, algo que não acontecia há algum tempo. Recentemente, participou na peça “O Filho”, em Lisboa. “Há algum tempo que não conciliava teatro com novela. No caso a peça ‘O Filho’, no Teatro Aberto, onde estive com a Cleia Almeida, a Sara Matos, o Pedro Rovisco, o Paulo Homem e o Rui Pedro Silva. Estive algum tempo sem fazer teatro porque as personagens em televisão me absorveram muito tempo e não consegui conciliar. Desta vez não estou no núcleo central e isso permite-me ter mais disponibilidade. Se estivesse a fazer protagonista não conseguir fazer teatro”, assegura Paulo Pires.

E como o ator concilia o trabalho e o tempo para a família. “Levo a minha filha à escola três vezes por semana, em média, às vezes vou pô-la à escola e, se não gravar logo, às vezes vou a casa dormir um bocadinho. Isto é uma questão de organização: há uma coisa essencial que é quando se está muito ocupado é não desperdiçar tempo. Há uma frase que diz: ‘Queres ver uma coisa feita rapidamente? Pede a alguém que está ocupado’. Porque a pessoa que está ocupada, quando tem algo para fazer, não vai protelar, ataca logo as coisas”, remata o intérprete.