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Foi há um ano. 10 de julho de 2016. Acabou a maldição naquele foguete que saiu dos pés de Éder. Com ele calámos os franceses, enchemo-nos de orgulho e limpámos as lágrimas da final de Lisboa, em 2004.

Tinha tudo para correr mal. O habitual pessimismo português, apesar das certezas de Fernando Santos – “só vou para casa no dia 11 de julho!”, lembram-se? -. O arranque titubeante de uma seleção que teimava em jogar mal. As críticas e a arrogância dos adversários. O fantasma da final do Euro 2004, em Portugal. A lesão de Cristiano Ronaldo, que fez chorar o melhor do mundo no relvado, e que nos sangrou o coração em casa. Não, tinha tudo para correr mal. A França a jogar em casa. Já tínhamos visto aquele filme.

Não, nunca víramos este filme. Já no prolongamento, a dez minutos do final, aconteceu o golo de Éder, o “partinho feio”, mal-amado pelos portugueses. Suprema ironia. Foi ele que silenciou o Stade de France e que abriu a goela de João Ricardo Pateiro e de Paulo Cintrão, os homens que relataram o jogo para a TSF naquela noite mágica.

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Tinha tudo para dar errado. Mas deu certo. Dias de ansiedade. De desespero. De esperança. Dias de loucura. De mãos deitadas à cabeça. De braços no ar. De mão no peito a cantar “A Portuguesa”. De copo na mão, a partilhar entre amigos.

Em cada casa, em escada esquina, em cada bar, em cada praça. Estivemos lá todos. Mesmo quando tinha tudo para dar errado. A Seleção foi crescendo e nós crescendo com ela. Fomos acreditando em Fernando Santos. “Só me vou embora a 11 de julho!”, foi repetindo até ao fim.

A 10 de julho de 2016, há exatamente um ano, Portugal inteiro em uníssono gritou a plenos pulmões. Fomos, como se diz na gíria futebolística, o 12º jogador. Mesmo quando não acreditámos. E nem sempre acreditámos. Eles acreditaram por nós. A Federação, no final da festa, disse-nos Obrigado!

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Obrigado, nós!

 

TEXTO: Nuno Azinheira