Roberto Carlos faz 80 anos. Longa vida ao “rei”

Roberto Carlos
Fotografia: Amin Chaar / Global Imagens

Roberto Carlos celebra 80 anos. O “rei” da música popular brasileira fez uma pausa na carreira devido à covid-19, mas prepara duas músicas novas e um filme que vai começar a ser gravado no próximo ano.

Longa vida ao “rei” da canção brasileira, da música romântica ou, de forma mais abrangente, do “rock”: Roberto Carlos celebra 80 anos, com a carreira e os concertos em pausa, devido à pandemia da covid-19, que não poupa, também, o Brasil, que regista quase 400 mil mortos.

“Sinto falta do palco, das luzes e, principalmente, da plateia”, confessou Roberto Carlos numa entrevista à TV Globo. Sem palcos para atuar, as mais recentes notícias sobre o “rei” foram um processo judicial contra o autor do livro “Roberto Carlos em Detalhes” e a luta, pública, com o transtorno obsessivo-compulsivo e que o levou a estar anos sem cantar “Quero Que Vá Tudo para o Inferno”, por causa da última palavra.

No próximo ano começam as gravações do filme autobiográfico realizado por Breno Silveira – com a autorização do músico -, e, durante o confinamento, a imprensa do outro lado do Atlântico assegurou que Roberto Carlos está a gravar dois temas novos – recorde-se que o artista já não edita um disco desde 2003.

Rosto da luta contra a ditadura brasileira nos anos 60 – apesar de muitos lhe apontarem uma simpatia “camuflada” pelo regime -, Roberto Carlos viu músicas mais rebeldes censuradas, como “É Proibido Fumar”, e foram esses temas, de protesto, que fizeram o povo erguê-lo ao seu “pedestal”, no qual continua mais de seis décadas depois.

Roberto Carlos Braga nasceu a 19 de abril de 1941 na pequena cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no interior do estado do Espírito Santo, no Brasil, e é o mais novo de quatro irmãos, fruto do casamento de Robertino Braga e Laura Moreira. Teve “uma infância modesta”, mas “nunca faltou nada”, referiu, há uns anos, à Imprensa.

Com apenas seis anos sofreu o acidente que marcou a sua vida: foi atropelado por um comboio, sofreu a amputação da perna direita e só aos 15 anos teria uma prótese, que muitos fãs desconhecem existir. Os temas “Traumas” e “O Divã” lembram esse dia fatídico.

Com apenas nove anos estreou-se na rádio local, a rádio Cachoeiro; dois anos depois já tinha um programa semanal em direto e, aos 14, mudou-se para o Rio de Janeiro, para a Rádio Nacional. Estávamos em 1956 e, ainda longe da carreira a solo fundou, em 1957, a banda “Os Sputniks” ao lado de Tim Maia – estrearam-se numa igreja, no bairro da Tijuca. Sem o grupo a resultar, Roberto Carlos lançou-se a solo a cantar “covers” de artistas norte-americanos, como Elvis Presley, que dominava as tabelas musicais na altura.

É então que o programa televisivo “Clube de Rock”, de Carlos Imperial, lhe abre as portas. Os dois juntam-se ao radialista Chacrinha e Roberto Carlos é apresentado às maiores editoras do Brasil. A partir deste momento… é História: em 1960 a carreira arranca com o primeiro “single”, “Canção do Amor Nenhum” e o LP “Louco por Você”, editado no ano seguinte. Chega o ano de 1965 e com ele o mega sucesso “Quero que Vá Tudo para o Inferno”, o que assustou, na época, a Igreja, que temeu milhares de pessoas – particularmente jovens -, cantassem a palavra “inferno”.

Por esta altura o Brasil, toda a América Latina e Portugal já o ouviam, mas faltava o resto da Europa. Solução: participar, em Itália, no Festival de San Remo, em 1968. Ganhou com a interpretação de “Canzone per Te”.

Entre os grandes êxitos de Roberto Carlos destacam-se “Lady Laura” – dedicada à sua mãe, costureira -, “O Calhambeque (Road Hog)” ou “As Baleias”.

Em 2019 esteve em Portugal a celebrar os 60 anos de carreira, para vários concertos ao vivo que estiveram sempre esgotados.