De Salvador Sobral a Cláudia Pascoal. Como a televisão os preparou para o êxito

Salvador Sobral, Diogo Piçarra, Cláudia Pascoal e Isaura, a dupla que representará Portugal na Eurovisão: o que têm estes músicos tão diferentes em comum? Todos nasceram em concursos de talentos na televisão portuguesa, que comemoram 25 anos em 2018.

Do “Chuva de Estrelas”, em 1993, ao “Got Talent Portugal”, que regressa este domingo ao horário nobre da RTP, foram milhares os candidatos que passaram pelos “castings” dos “talent shows” portugueses.

Salvador Sobral deu nas vistas em 2009, quando participou na terceira edição do “Ídolos”, apresentado por Cláudia Vieira e João Manzarra, uma temporada ganha por Filipe Pinto e que revelou ainda nomes como Carlos Costa e Carolina Torres.

O manager Manuel Moura dos Santos, que foi jurado de cinco das seis edições de “Ídolos”, considera que “em muitos casos, a televisão só acelerou o reconhecimento de alguns dos músicos”. “Por exemplo, o caso do Salvador Sobral: ele já respirava música em casa, portanto, mesmo não tendo feito uma grande prova, percebia-se que, se quisesse, poderia explodir”, conta à N-TV.

Para Pedro Boucherie Mendes, diretor dos canais temáticos da SIC e que foi jurado nessa edição, o que mais o impressionou em Salvador Sobral foi “o seu bom gosto musical”. “Era um miúdo especial, com bom gosto musical, notava-se que tinha cultura musical, ambição artística e que as coisas de que ele gostava não era dos tops”, afirma.

Se Salvador não mostrou todo o seu potencial no concurso da SIC, o mesmo já não se pode dizer de Diogo Piçarra, que, há três semanas, esteve envolto em polémica, depois de desistir do Festival RTP da Canção após ter visto a sua canção, que venceu a primeira semifinal da competição, ser acusada de plágio.

“Fui uma das grandes defensoras do Diogo logo desde o arranque do concurso”, recorda à N-TV Bárbara Guimarães, que em 2012 foi jurada do “Ídolos” ao lado de Tony Carreira, Pedro Abrunhosa e do já citado Moura dos Santos. A apresentadora lembra que “havia qualquer coisa nele que brilhava um pouco mais do que em todos os outros”. “E a carreira do Diogo veio dar-nos razão”, sublinha.

Moura dos Santos afirma que “não basta ter só talento vocal”. “Por isso é que há muitas boas vozes que passam por estes programas, mas depois não fazem carreira. É preciso mais do que uma boa voz. Muitos deles têm um problema: não escrevem música, não escrevem letras. Aqueles que são artistas completos, que fazem o seu próprio material, têm mais capacidade de triunfar. Os outros, não, ficam dependentes do que quem escreve lhes dá para cantar”.

Também a dupla que vai representar Portugal na final da Eurovisão, a 12 de maio, nasceu individualmente na televisão. Isaura participou, em 2010, na quarta edição de “Operação Triunfo”, enquanto Cláudia Pascoal fez uma dupla tentativa: em 2015, no “Ídolos”, e, no ano passado, no “The Voice Portugal”.

“A Cláudia é muito fixe. Eu vi a final do Festival e a música delas foi de longe a que eu mais gostei. A mais bem interpretada, a mais bem conseguida. O que prova que os “talent shows” dão fibra a esta gente, porque não basta cantar bem, é preciso também ser carismático, convencer os jurados e o público lá em casa”, conclui Boucherie Mendes.

TEXTO: Nuno Azinheira

 

Percorra a galeria de imagens acima clicando sobre as setas.