Soraia Chaves: da “úlcera” em “O Crime do Padre Amaro” ao brilho de “Operação Maré Negra”

Fotografia: Divulgação RTP1

Quase 20 anos depois da estreia em “O Crime do Padre Amaro”, a atriz Soraia Chaves participa em “Operação Maré Negra”, da RTP1.

Agora, lembra a timidez nas gravações do filme em que contracenou em cenas tórridas com Jorge Corrula, o que contrasta com a sua segurança no combate ao narcotráfico na série do primeiro canal.

O ano de 2005 ficou marcado na ficção nacional pela estreia do filme “O Crime do Padre Amaro”, baseado na obra de Eça de Queiroz e que contou a história de amor proibida entre “Amaro” (Jorge Corrula) e “Amélia” (Soraia Chaves), que se envolveram em cenas tórridas de sexo.

Agora, em conversa com a N-TV, quase 20 anos depois da película, a atriz – que voltou ao ecrã na série das sextas-feiras da RTP1 “Operação Maré Negra” – recorda como era tímida no início do século e… não falava com ninguém. “Estava muito nervosa no início, acho que não falei mesmo com ninguém n’ ‘O Crime do Padre Amaro’”, lembra.

“Nunca tinha trabalhado como atriz e acho que desenvolvi, inclusivamente, uma úlcera! Nessa fase estava só a absorver, não conseguir comunicar com os meus colegas… era uma menina, tinha só 22 anos…”, justifica Soraia Chaves, que pode ser vista, agora, numa personagem segura e convicta, em “Operação Maré Negra”, às sextas-feiras, na RTP1 – ela é uma inspetora que combate o crime.

“Foi absolutamente extraordinário e é uma bela surpresa de 2022. É uma segunda temporada, eu já conhecia a primeira e achei a história fascinante, baseada em factos reais”” afirma a atriz. “Fiquei genuinamente feliz por fazer parte da segunda temporada que, desta vez, já ultrapassa a realidade. Houve aqui muita liberdade para os criadores e realizadores para construir todo o mundo à volta desta temática, que é o narcotráfico. É uma série que tem mais dramas, uma multiculturalidade maior, há imensa ação”, adianta a artista, que desempenha “uma inspetora chamada Daniela”.

“Falo em português, a personagem do Jorge Lopez, o ‘Nando’ fala com o sotaque do Brasil e, às vezes, em castelhano, e é interessante ver como as línguas se misturam dentro da cena de forma tão orgânica que não precisamos de falar todos espanhol, inglês ou português. Há um entendimento genuíno e isso é muito fresco e atual”.

A personagem de Soraia Chaves confronta-se com perseguições. “Ela tem o objetivo de desmantelar esta rede de narcotráfico e descobrir qual é a sua base. Para isso ela vai arriscar bastante e aproximar-se da linha ténue que separa a justiça do crime. Ela quer cumprir o seu objetivo e há imensas coisas a acontecer que tentam impedir que o consiga, mas ela vai seguir esse caminho”, assegura.

O elenco da série elogiou a edição de “Operação Maré Negra”: “A direção de arte, realização, foram extraordinários. Estou mesmo muito curiosa para acompanhar os episódios”, diz.

A atriz conta que não passou pelo décor da prisão, onde estão os atores Jorge Lopez ou Pêpê Rapazote. “Ela está de fora. Grande parte da ação passa-se dentro da prisão e eu não entrei nesse mundo. Era quase como se fossem dois mundos diferentes: o que se passa cá fora e o que se passa lá dentro”, explica.

A partir do dia 22 de fevereiro, Soraia Chaves pode ser vista noutra série da RTP1, “Cavalos de Corrida”, onde é, desta vez,… bandida: “É muito giro fazer coisas tão diferentes. Somos um gangue muito engraçado. Às tantas há uma cena brilhante em que somos quatro mulheres de metralhadora a assaltar um comboio. É uma imagem que acho épica, nos anos 80”, diz, à despedida.