“Se a Netta criança me tivesse visto em horário nobre, a Netta criança teria sido muito menos infeliz”

A israelita Netta Barzilai venceu esta noite a 63.ª edição do Festival Eurovisão da Canção, o primeiro organizado em Portugal. Aos jornalistas, a cantora disse ter estado a competir apenas com ela própria e deixou (mais) uma mensagem aos “rapazes estúpidos”.

“Eu não sou o teu brinquedo, rapaz estúpido”, diz o refrão de “Toy”, tema interpretado por Netta Barzilai que deu a Israel, este sábado à noite, a quarta vitória do país no maior certame de música europeu. Na conferência de imprensa que se seguiu ao espetáculo, que decorreu na Altice Arena, em Lisboa, a cantora foi desafiada pelos jornalistas a deixar uma palavra aos “rapazes estúpidos” que retrata na sua música.

“Penso não ter muito para lhes dizer depois do que aconteceu hoje, depois de a maioria me ter escolhido”, respondeu a cantora. “Toy”, composto por Doron Medalie e Stav Beger, concorreu a esta Eurovisão como um hino ao movimento #MeToo, nascido nos Estados Unidos como forma de apoio às vítimas de assédio e abuso sexual.

Netta, de 25 anos, frisou que, ao longo da aventura eurovisiva lusa, esteve a competir “apenas” consigo mesma e que o facto de ter vencido “a diferença” é, por si só, mais um grande passo no sentido da aceitação. “Se a Netta criança me tivesse visto em horário nobre, a Netta criança teria sido muito menos infeliz”, confessou.

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Recorde-se que a intérprete admitiu ter sido vítima de “bullying” quando nova. “Isso fez de mim quem eu sou. Sim, passei por momentos difíceis”, lembrou.

Antes de abandonar a maior sala de espetáculos da capital portuguesa, a delegação israelita teve ainda tempo para voltar a entoar “Toy” e ainda “Hava Nagila”, música israelita cujo título significa “Alegremo-nos”. “Não há nada como uma festa em Israel. Vão descobri-lo no próximo ano”, antecipou Netta, que até já sabe a primeira coisa a fazer quando chegar ao seu país: “Húmus”.

TEXTO: Ana Filipe Silveira e Dúlio Silva

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