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A “Doce” história das girls e boysband nacionais

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O filme “Bem Bom”, das Doce, recuperou para a ordem do dia as girls e boysband. Fomos à procura dos grupos que se seguiram e, se há quem esteja a solo e cante em casamentos, uma banda prepara-se para voltar aos palcos.

Com mais de 30 mil pessoas nas salas dos cinemas, o filme “Bem Bom”, sobre as Doce, trouxe para a ordem do dia o fenómeno das girls e boysband, que começou, em Portugal – e, há quem diga, na Europa -, com o quarteto formado por Helena Coelho, Fátima Padinha, Laura Diogo e Teresa Miguel nos anos 80. Nas duas décadas seguintes, este género de grupos musicais ganhou fenómenos como Excesso, D’Arrasar, D’ZRT, 4Taste – que nunca se quiserem assumir como uma boysband, mas antes como um “grupo de músicos” -, Millenium, Non Stop, Docemania, Delirium, Bombocas, Antilook ou Just Girls. A maior parte teve um “prazo de duração”, como defende Tozé Brito (ver caixa), muitos separaram-se e continuam com projetos a solo e há, também, quem 20 anos depois se prepare para voltar aos concertos ao vivo.

Regressar para (D’)Arrasar

A garantia é dada à N-TV por Kapinha, um dos membros dos D’Arrasar – ao lado de CC, Jimmy, Joca e Ricardo -, e só a pandemia estragou os primeiros planos. “Falámos em voltar aos palcos, isso ainda está em aberto, mas a covid-19 trocou-nos as voltas”, admite o “tik-toker” português mais famoso por estes dias. Na década de 90, aqueles dias de concertos eram “uma coisa única” e “num ano a banda vivia cinco, porque podiam ser 34 espetáculos por mês!” garante Kapinha. “Já fiz dobragens, rádio, cinema, mas a banda foi diferente de tudo, por aquilo que passávamos através da música e a atração das pessoas”. O artista garante que os cinco elementos sentiam “responsabilidade”, sobretudo em projetos sociais ou na área da saúde. “Dou o exemplo da nossa relação com os meninos do IPO. Segundo os médicos, melhoravam animicamente nos dias antes de saberem que os íamos visitar”, lembra, comovido. Hoje, o Tik-Tok ocupa a maior parte do dia de Kapinha, que é um fenómeno. “Comecei com curiosidade e percebi a potencialidade. Hoje, 80 por cento do tráfego na Internet são pequenos vídeos. É algo saudável, feito em família, e as pessoas abordam-me na rua como no tempo dos D’Arrasar!”

Excesso(s) e casamentos

No final da década de 90 outra banda, formada por cinco rapazes, marcava o panorama “pop” nacional. Melão, Carlos, Duck, João Portugal e Gonzo estiveram “um ano só concentrados no projeto”, lembra o primeiro, mais de 20 anos depois. “Virámos Portugal do avesso no ‘timming’ certo”, garante Melão. “Preparámos a banda a todos os níveis: vocal, musical, imagem, dança, enfim, complementávamo-nos”, acrescenta. Melão continua no mundo da música, enquanto os outros elementos se dividiram, nos últimos anos, pela fotografia (João Portugal), vendas (Duck), Turismo (Carlos) e na área de DJ (Gonzo). “Continuo a fazer produção artística e atuações, mas desde 8 de março do ano passado só fiz quatro espetáculos”. Melão atua também em casamentos e a receita é garantida: “Canto o ‘Coração de Melão’ e o ‘medley’ dos Excesso e o público fica louco”, garante.

Depois daqueles cinco rapazes, quatro “explodiram” no início do século. Estávamos em 2004 e, à “boleia” da série “Morangos com Açúcar”, os D’ZRT – Angélico Vieira, Vítor Fonseca (Cifrão), Edmundo Vieira e Paulo Vintém -, conquistavam Portugal como poucos músicos. O período de atividade, com alguns hiatos, durou até 2010 e os cinco discos lançados pelo grupo ultrapassaram a marca das 500 mil cópias vendidas em Portugal. A banda ficaria marcada pela morte de Angélico Vieira, com apenas 28 anos, num acidente de viação, em junho de 2011. “Acima de tudo, o que eu me lembro daqueles tempos foi ter ganho três irmãos. Continuamos a sê-lo e encontro-me regularmente com o Edmundo e o Vintém. Foi uma grande experiência junto ao público, uma loucura”, lembra Cifrão à N-TV, ele que continua a dançar e a coreografar: “Estive nos prémios Play, no ‘The Voice Portugal’, noutros grandes projetos e não falta trabalho, graças a Deus”, conclui.

Sem parar e zangadas

Ainda no começo da década de 2000 chegavam as Non Stop. Andrea, Kátia, Fátima, Liliana e Rita brilharam entre o início de 2000 e 2006, depois de terem ganho o concurso musical da SIC “Popstars”, em 2001. O grupo, além do reconhecimento do público, chegou mesmo a ganhar o Festival da Canção cinco anos depois, com o tema “Coisas de Nada”, que as levou ao Eurofestival, em Atenas, na Grécia (19.ª lugar). “Aparecemos na altura da maior banda da altura, as Spice Girls e chegámos a ter os mesmos produtores delas”, lembra Liliana à N-TV. “Aquilo era um mundo novo para nós, Nos transportes públicos ou nos centros comerciais era uma loucura com o carinho das pessoas”. Hoje, Liliana e Andreia uniram-se no projeto “Kaya”. “É uma fusão de fado, com música eletrónica e angolana, vão espreitar ao YouTube que vale a pena”, desafia a artista.

“Se o grupo não se tivesse zangado, possivelmente teríamos continuado, quem sabe até hoje!”. Quem o diz, de forma convicta, é Mónica Sofia, uma das Delirium, ao lado de Carla Leão e Vânia Oliveira. “Foram tempos muito bons, de festa”. Hoje, a cantora dedica-se ao desporto. “Organizo eventos desportivos para empresas, faço ‘team building’, cursos de sobrevivência. Com a pandemia as pessoas procuraram mais a Natureza e está a correr tudo muito bem”, remata.