Agir pede desculpa pelo tema “Filha da Tuga”: “Tenho muito mais a aprender”

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Fotografia: Instagram Agir

Depois da polémica com o tema “Filha da Tuga”, interpretado por Irma Ribeiro, Agir pediu desculpa publicamente e explicou a canção.

O produtor da música, que está a dar que falar pela frase “sou branca para os pretos/Para os brancos sou preta”, recorreu ao perfil de Instagram para explicar a forma como foi composta.

“Antes de tudo, quero salientar que nunca saberei o que é estar na pele de uma pessoa racializada e que tenho muito mais a ouvir e a aprender do que a opinar”, escreveu o também cantor.

O artista revelou que Irma Ribeiro contou com a ajuda de Carolina Deslandes para escrever a canção. “Concluir que a Irma pediu a uma pessoa branca para escrever por ela o que dizer sobre a sua realidade, ou a realidade de toda a comunidade, não é rigoroso”, disse.

“Porém, mesmo que tenha sido só uma ajuda, podia ela ter antes pedido ajuda a uma pessoa negra para o fazer? Sim, e tenho a certeza que é o que acontecerá daqui para a frente”, referiu.

Sobre o nome “Filha da Tuga”, Agir diz entender porque é que os vários internautas ficaram chateados. Segundo o produtor existem muitas “pessoas negras que nem há 50 anos estavam a viver esta realidade”.

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Fotografia: Instagram Agir

Já sobre a parte que causou mais polémica, o artista esclareceu que, sem querer comparar com uma pessoa racionalizada, há pessoas de pele mais clara que se sentem numa “terra de ninguém”.

“Partindo, conscientemente, de um lugar de privilégio em relação aos mesmos existem, ainda assim, pessoas de pele mais clara, mestiças, que se sentem numa ‘terra de ninguém’ por não serem vistos nem como brancos, nem como negros”, afirmou.

Por sua vez, a frase “sou a mistura da terra e da descoberta” não se tratou de uma referência aos Descobrimentos, segundo o produtor, mas sim às gerações que abandonaram a terra natal à procura de uma vida melhor.

“Podia a escolha da palavra ‘descoberta’ ser mais feliz? Olhando agora com distanciamento, sou pessoa para concordar. De todo que se queira romantizar os ‘Descobrimentos’ e o uso de outra palavra talvez deixasse menos margem para dúvidas”, assegurou.

Agir não deixou passar em branco o facto de Rita Pereira ter feito tranças e dançado ao som deste tema nas redes sociais. “Quando uma pessoa racializada o faz [tranças], vê, quase sempre, as suas oportunidades diminuídas (mais do que já costuma ser), normalmente nos locais de trabalho”, disse.

“Ter tranças numa pessoa racializada é, na maioria das vezes, sinónimo de perder o emprego ou de nem o chegar a arranjar. Podem, então, pessoas brancas usar tranças? Na verdade, ninguém as proíbe, mas um pouco de consciência e contextualização não faz mal a ninguém”, acrescentou, concluindo, de seguida, com um pedido de desculpas.