Com a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) a terminar neste domingo, Catarina Furtado escreveu, pela primeira vez, sobre a visita do Papa a Portugal.
Catarina Furtado ainda não se tinha pronunciado sobre a JMJ e o Papa em Portugal e só neste fim de semana a apresentadora da RTP1 escreveu sobre aquilo que apelidou “coisas quase contraditórias”.
“Hoje um amigo mandou-me uma mensagem a perguntar porque é que eu ainda não tinha escrito nada sobre as JMJ. Fiquei a pensar porquê”, começou por contar no perfil de Instagram.
“Sinto várias coisas quase contraditórias. Também pelo facto de sermos um estado laico e porque os escândalos sexuais não foram tratados como é urgente que sejam”, defendeu.
“Há uns anos valentes fiz o filme ‘Fátima’ e numa cena em Arganil com figurantes que supostamente estavam a assistir a uma aparição, fiquei verdadeiramente tocada pela forma como eles genuinamente se comoveram. Não estavam a fingir quando era suposto”, lembrou.
“Políticas e dinheiros à parte, o que me deixa indignada por um lado e esperançosa por outro, tem exactamente a ver com o uso da Fé. O bom uso ou o mau uso. A coerência do que se diz e pratica”.
“Gosto do Papa e se o ouvirmos bem percebemos que uma das suas grandes qualidades é saber ouvir. Diz que todos, todos, todos são bem vindos na igreja, as pessoas trans, os vulneráveis, os marginalizados, os refugiados. Diz que a extrema direita é perigosa e que se combate com justiça social!”
“Entendo que são precisos mais passos na igreja no sentido da verdadeira inclusão mas o Papa Francisco promove, de facto, a união”, acrescentou Catarina Furtado.
“No entanto, no meio destes um milhão de católicos, estão muitos que mancham a essência porque exercem a hipocrisia, a homofobia, a xenofobia, o moralismo e trabalham apenas para a sua mansão no céu”.
“Por outro lado, da minha janela vejo os jovens de todo o mundo a passar, a cantar, a rir, a dançar e cresce em mim uma semente de esperança. Serei ingénua?”
“O Papa Star Francisco é inspirador mas não faz milagres. O que precisamos é de VONTADE HUMANA em transformar este mundo num lugar humanista. Que não é! O que acreditamos e sentimos tem de bater certo com o que praticamos, com o que dizemos e com a realidade em que vivemos”, referiu ainda.
“Há muitos anos em Timor, entrevistei para os @principesdonada o Padre João de Deus (que já partiu) e perguntei-lhe: ‘Neste país com tantas crianças que passam fome, que morrem cedo demais por falta de acesso a serviços de saúde, cujas mães têm cerca de seis filhos sem escolha, o que pensa sobre planeamento familiar e contracepção?’ A resposta: ‘Como padre acho mal, como homem acho bem’”, rematou Catarina Furtado.