Catarina Furtado respondeu às críticas que surgiram após ter colocado um vídeo a cortar uma ponta do cabelo para se mostrar solidária com a jovem iraniana Masha Amini.
A apresentadora aproveitou o Dia Internacional das Raparigas, que se assinala esta terça-feira, 11 de outubro, para se manifestar pela primeira vez sobre as críticas que recebeu dos internautas.
“Depois de ter colocado um vídeo a participar na corrente mundial de apoio às raparigas e mulheres do Irão mortas e violentadas pela polícia moral, houve quem criticasse. Não aceito que se desvirtue o sentido maior de uma campanha que visa não deixar esquecer um tema tão urgente, por isso o retirei”, explicou.
“Posso escolher. Na minha casa virtual só entra quem é verdadeiramente solidário e empático com o sofrimento. Infelizmente sei bem do que falo porque há 22 anos que trabalho estas violações dos direitos humanos, sobretudo com base no género”, prosseguiu.
Nesta data, a comunicadora lembrou as raparigas que continuam a ser vítimas de “imensas oportunidades perdidas, dos compromissos adiados e das promessas esquecidas”, caso a associação da profissional da RTP Corações com Coroa não faça o seu trabalho.
“A gravidez e o parto são a principal causa de morte entre os 14 e os 19 anos, em muitos dos países em desenvolvimento. A maternidade adolescente e os casamentos infantis e precoces são uma não escolha, para muitas meninas e raparigas”, referiu.
“São também as maiores vítimas de violência, assédio e exploração sexual e de práticas nefastas como a preferência pelos filhos rapazes […]. São escravas sexuais, armas de guerra, vendidas para diminuir a despesa na alimentação, promessas de ‘tradições culturais’ que violam a sua dignidade e traçam um destino sem oportunidades. São vítimas da pobreza menstrual que as impede de ir à escola”, afirmou.
Catarina Furtado apelou que é preciso existir mais jovens mulheres em “lugares de decisão, escolas sem discriminação, com incentivo ao pensamento critico, à análise transformadora e à justiça social”.
“É essencial Educação Sexual Compreensiva em contexto escolar e em programas de atendimento que escutem, ensinem, informem, apoiem, sem doutrinar. Já sabemos como se faz, a covid-19 veio provocar um retrocesso de cerca de 20 anos nos direitos das meninas e raparigas, por isso temos de agir com urgência!” acrescentou.