Christiane Torloni: “O coração de D. Pedro foi para o Brasil e o meu continua cá”

De passagem por Portugal para um evento da Globo Play, a atriz brasileira falou sobre o carinho pelo nosso país e as saudades de viver em Cascais.

Depois de Betty Faria, num espaço de um mês chegou a Portugal mais uma estrela das novelas brasileiras: Christiane Torloni, 65 anos, aterrou no final da semana passada em Lisboa para assistir, ao vivo, às novidades da plataforma Globo Play. A atriz da emissora brasileira marcou presença na festa privada em Belém para recordar as saudades que tem do nosso país, onde chegou a viver, em Cascais, na década de 90.

“Vim para o evento da Globo e volto para o Brasil já no dia 30, para as eleições presidenciais”, contou a veterana atriz ao JN. “Cada regresso a Portugal é como voltar um pouco para casa. Um pedacinho do meu coração está aqui. O coração do D. Pedro foi para o Brasil e o meu ficou cá”, acrescentou, em tom de brincadeira. “Desde que morei cá, em Cascais, fui amorosamente recebida. Tive a sorte do meu trabalho chegar antes aos telespetadores, então quando vi para cá, nos anos 90, estava a passar a novela ‘Kananga do Japão’. E então falavam da minha personagem, a ‘Dorinha’…”.

“‘Bem-vinda’ é uma palavra linda, então eu volto sempre”, acrescentou Christiane Torloni. “Vou voltar a Cascais. Mas não para namorar, ao contrário do que aconteceu no Rock in Rio Brasil. Vim sozinha”.

A atriz fez, entretanto, um pequeno passeio por Lisboa. “Já fui ao Bairro Alto, senti as ruas e a cidade, tudo aberto, a juventude na rua. Se Deus quiser vou fazer cá stand up paddle. Depois passo pela Fundação Calouste Gulbenkian, pelas igrejas lindíssimas e, naturalmente, vou tomar um bom vinho”.

Um cenário bem diferente daquele que encontrou há dois anos. “Vim cá durante a pandemia, na época do ‘lockdown’ (suspira)… foi uma dor, tudo fechado, toda a gente trancada”, lembra Christiane Torloni, que pode ser vista na televisão portuguesa na reposição de “Fina Estampa” e em “Mulheres Apaixonadas”.

“A ‘Teresa Cristina’ de ‘Fina Estampa’ é quase uma personagem de banda desenhada, principalmente no encontro com a personagem ‘Clô’, interpretada pelo Marcelo Serrado. Em ‘Mulheres Apaixonadas’ é um papel icónico do Manoel Carlos, uma mulher contraditória, humana, sem culpa”.

No Brasil, diz, a “dramaturgia está a mudar muito, principalmente por causa das séries”. “Você apanhava atores internacionais que só faziam cinema internacional. Hoje em dia as séries têm esses grandes intérpretes, o que acho que desmistifica uma coisa que era considerada uma subcultura, um subproduto”.

“Acho que há uma escola de autores e diretores no Brasil. Como a cultura lá está a sofrer muito, há uma migração de profissionais de cinema, que são incríveis, para a área do audiovisual”, diz ainda.

E como fica a novela com as novas plataformas? “O crescimento das plataformas de streaming é como a história do teatro, que ia acabar quando o rádio apareceu que, por seu turno, ia terminar quando a televisão apareceu. Acho que difícil que uma novela acabe, porque ela é uma expressão da cultura dos povos”, remata Christiane Torloni.