O ator morreu na passada sexta-feira à noite e deixou o país em choque. Tinha participado, recentemente, nas Marchas de Lisboa e estava a gravar “Festa é Festa”. Aparentava estar feliz e realizado.
Dia de Santo António, 12 de junho, em Lisboa. Luís Aleluia segue, apressado, de fato na mão, para a Estufa Fria, no Parque Eduardo VII, para apadrinhar um dos pares do casamento de Santo António. Aparenta estar tranquilo, feliz e, ao mesmo tempo motivado, como se pode comprovar pelas imagens partilhadas com os noivos nas redes sociais. À noite, estaria na Avenida da Liberdade a apadrinhar a Marcha do Bairro Alto.
Foram das últimas aparições públicas do eterno “menino Tonecas”, que morreu nesta sexta-feira à noite, aos 63 anos. Por volta das 23 horas, o Tik Tok de uma loja de roupa avançava o desaparecimento do ator, que haveria de ser confirmado por Herman José no perfil de Instagram. Antes da meia-noite, os “sites” e as televisões começaram a noticiar o óbito.
Marcelo Rebelo de Sousa, que estava no Porto a acompanhar as festividades do São João, foi das primeiras figuras públicas a reagir, recordando, em declarações à agências Lusa, o seu “talento, empatia e capacidade de conquistar o público de várias idades”. “Guardamos na nossa memória o que foi de facto o seu talento, a sua empatia, a sua capacidade de conquistar publico, de várias idades e ao longo de muito tempo”, disse o Presidente da República.
Luís Aleluia atravessava uma boa fase profissional e, em televisão, depois de ter gravado a série que satiriza as novelas, “Pôr do Sol”, para a RTP1, estava a trabalhar com o enredo de “Festa é Festa”, agora na TVI, como Cristina Ferreira confirmou na passada sexta-feira. Continuava a ser um membro ativo da Casa do Artista e, no teatro, preparava-se para estrear, no Casino Lisboa, a peça “Que Bonito Serviço”, a partir de 8 de setembro.
Zita Favretto, mulher do artista, partilhou a sua dor nas redes sociais. “Luizinho, estou sem chão!”, começou por referir no perfil de Facebook. “O meu grande amor, preferiu partir mais cedo… não estou de acordo! Mas, só me resta aceitar a tua última vontade”, acrescentou. “Hoje (sexta-feira) partiu um homem bom, como conheci muito poucos… Descansa em paz, meu amado. Até sempre”, disse ainda.
“PS: Vou tentar dar aos nossos meninos tudo o que sempre desejamos e tentarei fazer deles uns bons seres humanos. O teu bom exemplo vai ajudar-me, certamente. Amo-te e amar-te-ei sempre! Havemos de nos encontrar um dia”, concluiu Zita Favretto.
Muitos seguidores estão a associar a última imagem publicada (a preto e branco) de Luís Aleluia nas redes sociais a uma eventual despedida. “A memória de nós são pedaços da gente que se colam no coração dos outros”, escreveu o ator.
40 anos de carreira
Nascido em Setúbal, a 23 de fevereiro de 1960, o intérprete integrou a companhia de teatro da cidade e ficou conhecido na série da RTP1 “As Lições do Tonecas”, entre 1996 e 1999. Após várias peças de teatro, a carreira no pequeno ecrã iniciou-se com “Sétimo Direito”, em 1988, seguiu-se “Duarte e Companhia”, um ano depois, e grandes sucessos como “Nico d’Obra”, “Na Paz dos Anjos” ou “Malucos do Riso”” numa carreira que durou 40 anos e que terminou com as gravações de “Pôr do Sol” e de “Festa é Festa”.
Luís Aleluia cresceu na Casa do Gaiato a partir dos nove anos, altura em que perdeu a mãe. Na instituição, tomou “o primeiro banho de chuveiro quente” e ganhou “80 irmãos”, como referiu em entrevista a Manuel Luís Goucha.