O encenador Carlos Avillez faleceu na passada quarta-feira, 22. José Condessa dedicou um texto ao também ator português.
Na passada quarta-feira, 22 de novembro, o encenador português Carlos Avillez faleceu, aos 86 anos, no Hospital de Cascais, onde se debatia com uma doença cardíaca. Várias celebridades reagiram à morte do “mestre”. Contudo, só esta segunda-feira, 27, é que José Condessa abriu o coração.
“Meu Mestre, tenho-me sentido vazio. Há nestes dias em mim um ligar oco, como se me tivessem roubado algo que queria guardar com muita força e não fui capaz”, começou por escrever.
“Fui para o nosso teatro. Procurei-o em todos os lugares e não o encontrava. Procurei-o no seu escritório, mas a caneta estava pousada e o seu candeeiro apagado. Dormi no teatro, porque sempre me ensinou que o mais mágico acontece à noite. E acreditei que, talvez por uma vez, por um segundo que fosse, o pudesse ter ali de novo. Não aconteceu”, disse.
“Quis muito que ali estivesse. Que visse tantos que o ama e quanto o amam. Procurei-o em todos os lugares. E foi nesse momento que o encontrei. Que o encontrei em mim. Sinto-o casa vez que entro em cena, em cada palavra que represento e cada vez que o pano fecha”, continuou.
“Não me avisaram que me iria doer tanto, mas acho que é o preço a pagar quando se ama muito alguém. Vi-o sair do palco e deixar o seu teatro pela última vez, mas sei que nunca o verei ser esquecido porque enquanto eu por cá andar farei questão de que se lembrem que L’Enfant Terrible amou completamente o Teatro e que o Teatro sempre lhe fez uma vénia”, terminou.