Mário Augusto preocupado com cirurgia da filha: “Dor de pais é fininha e fria”

Mário Augusto
Fotografia: Instagram Mário Augusto

Mário Augusto, jornalista da RTP1, vive um momento delicado, pois a sua filha Rita será submetida a uma cirurgia à coluna.

O comunicador partilhou, no perfil de Facebook, a sua angústia, através de um testemunho. “A menina dança? Vá lá sorria sem lágrima, contagie quem vê esse sorriso. Dor de pais é fininha e fria. Dói tal qual como se consegue imaginar uma lâmina a raspar a alma”, começou por escrever.

“A Rita é heroína porque as dores começaram a ser tão grandes no fim de semana tão cheio de projetos, queria ir ver a serenata da queima, queria recuperar a vida académica… mas não, acabou a noite de sábado a ouvir os foliões que passavam do lado de fora da urgência do hospital onde está ainda”, prosseguiu.

“A Rita soube hoje que o melhor é tirar os ferros todos de uma só vez. Ferros e parafusos que arrepiam na fotografia da esquerda. Dizia-lhe eu ainda: ainda há quem se queixe quando corta mal as unhas e encravam. Sabem lá o que é dor. Há quase seis anos a Rita passou pelo mesmo, amanhã vai tirar tudo e a dor talvez lhe passe”, acrescentou.

“Dor de pais é fininha e fria… eu bem vos disse. O que nos vale é que é a atitude que define as pessoas. É a vontade que as molda e transforma a dor em querer. É o sorriso que desarma obstáculos, desfaz preconceitos e padrões de norma. O que se vê na outra fotografia cheia de cor, o que se aprende no olhar mais atento, é a contemplação do sonho a partir do olhar sereno da Rita que talvez não saibam mas ela adorava ser bailarina. Na verdade, ela já subiu mais vezes ao palco para receber aplausos do que qualquer outra jovem da sua idade. A postura e o olhar da vida que lhe impomos sempre respeitou um objetivo: ser feliz… ser capaz e ser ela mesma na sua condição de diferente sem complexos ou revolta. Mesmo com dor, basta querer”, disse.

“De um lado a coluna aparelhada, parafusos de cima abaixo, apertadinhos a cada vértebra que amarra a Rita, faz dela firme e hirta. Do outro a fotografia que é felicidade, um ‘click’ certeiro. Na verdade, o que me diz esta imagem, o sorriso cheio é que quando é difícil mudar a condição tudo se altera mudando a atitude. A fotografia alegra-me porque ao fazer o filme da vida da Rita, ainda uma curta-metragem, é já uma grande produção. O que dizer quando nos cruzamos com gente que faz de um sopro um vendaval, de um espirro um dilúvio”, desabafou.

“Não sabem o que é o ‘ON’ do interruptor da vida. A Rita prova isso todos os dias na sua superação. Dançar em pontas é apenas uma técnica. Nem todos o conseguem. Mas sorrir sem complexos já todos podem, depois é só dizer, mesmo que baixinho: A menina dança?
E aí se faz poesia, com ou sem rodas, desenham-se as estrofes da vida”, afirmou.

“Amanhã cedinho a Rita vai desaparafusar-se, dói… dói muito certamente, mas não imaginam como está ela com a garra toda, não vertendo uma lágrima, só vontade de sorrir e querer. Acima de tudo a atitude alivia-nos, a dor é fininha e fria mas já lhe disse ao ouvido: quando isto passar, sem dor, vou-te dizer baixinho: A menina dança? Ela sorri como sempre, mesmo com a dor, e responde. É já amanhã, mal acorde da cirurgia”, rematou.