Mimicat: “Sou uma cantora de nicho e nunca fui reconhecida”

Fotografia: Pedro Pina/RTP

A grande vencedora do Festival da Canção 2023 e que vai representar Portugal na Eurovisão, em Liverpool, contou que teve de trabalhar muito até alcançar o sucesso. Agora, quer mostrar o seu cabaret em Inglaterra.

Minutos depois de ter vencido o Festival da Canção 2023 com o tema “Ai Coração” e garantido o apuramento para a semifinal da Eurovisão, que se realiza a 9 de maio em Liverpool, Inglaterra, Mimicat foi surpreendida com o interesse de mais de 20 jornalistas e “bloggers”, que encheram o cenário do programa “A Nossa Tarde”, de Tânia Ribas de Oliveira, para a ouvir.

A artista, recorde-se, reuniu 24 pontos do público, depois de, entre o júri, ter empatado com “A Festa” de Edmundo Inácio com 12 pontos.

“Sei que quero fazer um cabaret em Liverpool, mas ainda não faço ideia de como o vou fazer. Espera-me muito trabalho, muitas horas de reunião com a equipa para fazer isto num palco como o da Eurovisão – é de outra escala e a competição é fortíssima, eles fazem coisas assombrosas, mas neste momento estou a zeros”, admitiu Mimicat na conversa com os jornalistas, por volta da uma da madrugada do passado domingo.

“Vou absorver este momento, aproveitar e a seguir quero ir é para a festa”, brincou a intérprete de “Ai Coração”.

Mimicat atua na semifinal, a 9 de maio, precisamente a data em que cantou Salvador Sobral, que ganhou a Eurovisão na Ucrânia, em 2017, com o tema “Amar pelos Dois”. “Deus queira que seja um bom presságio e a final, a 13 de maio, é dia de Nossa Senhora de Fátima, já viram? Pode ser que ela puxe uns cordelinhos”, respondeu Mimicat, bem-disposta. “Mais a sério, isto é só uma coincidência muito engraçada, mas não acredito muito nessas coisas… sou muito de ‘bora lá trabalhar’”.

Em seguida, a artista de Coimbra justificou a frase “precisava muito disto”. “Sou uma cantora de nicho, estive parada algum tempo porque fui mãe, mas na verdade nunca tive muito reconhecimento do público nem das plataformas que passam a maior parte da música que é muito conhecida. Há duas mãos cheias de artistas que são muito conhecidos em Portugal e milhares que são talentosos como eu, ou mais, que não têm hipótese de ter a sua plataforma. O Festival serve para isto mesmo, cresci com o concurso a criar carreiras, aconteceu com o Salvador, com a Maro ou com a Elisa”.

Mimicat entrou no evento por livre submissão e falou da importância da iniciativa. “Podia ser mais alargada, claramente, ter mais canções, porque este ano provou que a livre submissão não peca nada por falta de qualidade, pelo contrário. Eu e o Edmundo, que éramos os favoritos, somos da livre submissão, a Inês Apenas também. Não desprimorando os colegas convidados, eles tiveram a benesse de ter o convite e nós submetemos as nossas canções”.

No empate com Edmundo Inácio, durante a escolha do júri, Mimicat garante que chegou a pensar que “o segundo lugar era ótimo”. “Estava na dúvida, porque ele tem canção incrível e muito apoio na Internet, quem ganhasse estava bem ganho, ficaria feliz por ele”.

A artista lembrou, finalmente, os tempos difíceis para singrar como artista. “Tentei desistir da música, mas o chamamento era mais forte, investi dinheiro que não tinha, fiz sacrifícios familiares e, finalmente, as coisas começaram a acontecer agora”.

O tema vencedor vai agora a Liverpool, Inglaterra, no próximo mês de maio disputar uma das semifinais do Festival da Eurovisão, no dia 9. A grande final realiza-se a 13 de maio. A Ucrânia, recorde-se, ganhou em Turim, mas a guerra com a Rússia impede a realização do evento no país.