O animador e diretor da Rádio Comercial Pedro Ribeiro lembrou o confinamento para lamentar o ódio a que assiste nas redes sociais.
Pedro Ribeiro, animador e diretor da Rádio Comercial, fez uma reflexão nas redes sociais, a propósito do confinamento motivado pela pandemia da covid-19, mas também pelas mensagens de ódio na Internet.
“Tenho-me lembrado muito destes tempos de 2020. As ruas desertas, os hospitais cheios, o medo coletivo, a esperança ingénua que nascia do invisível e pairava no ar, os arco-íris desenhados, que eram uma maneira de fazermos figas, ou uma prece muda”, começou por referir o comunicador no perfil de Instagram.
“Toda a gente sem poder sair de casa, a vida suspensa em dias de morte à espreita. Temermos todos, por nós e pelas nossas pessoas”, lembrou.
“Quando vejo algumas coisas que as pessoas escrevem nas redes sociais, o nível de frustração ou mera maldade, a estupidez ou simplesmente a mais singela e desarmante falta de educação ou noção, penso no confinamento, sim”.
“Será que essas pessoas também desenharam arco-íris? Comoveram-se com os esforços heroicos dos profissionais de saúde? Será que temeram pela vida? Terão mesmo perdido alguém? Acreditaram na palavra empatia, que parece ter sido inventada nessa altura? O que é feito do que fomos naqueles tempos, não tão longínquos assim? Ou não será que na verdade, o que somos é isto?”, questionou.
“Dizer mal, insultar com o mesmo à vontade com que o vírus matava gente, abraçar a boçalidade como um ursinho de peluche que se acha que protege do medo do desconhecido?”
“A superioridadezinha em cada sentença sobre a vida dos outros, que se inveja só, a prepotência de, na vertigem de um teclado, ser, por umas linhas de texto numa rede social, caixa de comentários ou qualquer fórum, o maior da sua rua? Uma ilusão, como os tais desenhos de todas as cores”.
“Uma pessoa chega a ter saudades do ar não poluído, de quando as ruas estavam desertas. O vírus agora é outro, e normalmente falha na educação, decência, bondade, humanidade e, quase sempre, ortografia”, concluiu Pedro Ribeiro.