Rita Ferro Alvim partilhou um texto carregado de emoção no qual fala sobre a perda do seu padrasto e de como se despediu dele.
No entanto, a criadora de conteúdos digitais nunca chegou a referir quando e o que levou à morte do padrasto.
“(…) No meio de tanta dor e de não querermos largar alguém que amamos, foi das experiências mais bonitas que tive o privilégio de viver. Houve tempo para escolher como cada um se queria despedir”, começou por escrever.
“O meu padrasto não era nada de gostar de expor a sua vida e muito menos a sua morte, mas há aqui uma pequena nuance que muda tudo e que, por isso, me ia incentivar a escrever isto: a equipa de cuidados paliativos que nos acompanhou em casa e que fez desta tristeza um momento de enorme beleza. É que podemos partir sozinhos mas bem acompanhados”, continuou.
“Por isso isto não é um texto para o meu padrasto, apesar de ter sido uma sorte e um privilégio podermos tê-lo. Bem… sei que podia agradecer os melhores bifinhos com molho de café que tinha à minha espera quando eu chegava da faculdade e almoçávamos os dois, sozinhos todos os dias. E o quanto achava engraçado o meu andar a levantar os calcanhares. E o bom que foi os meus filhos acharem que toda a gente tinha três avós como eles. E de como um homem solteiro com três filhos abriu a porta de casa e do coração a outros três e os tornou também um bocadinho dele”, acrescentou.
“E de nunca se ter zangado connosco na vida mesmo levando com a adolescência. Foi o melhor padrasto do mundo. Isto é para agradecer a outros anjos na terra que se entregam a esta missão, que entram em nossa casa com um sorriso, conforto e uma paz difícil de descrever”, afirmou.
“Morrer em casa, quando é possível, pode ser uma vivência única, carregada de proximidade, leveza e amor. Nunca tinha visto ninguém morrer e é forte. Principalmente se for dos nossos. Mas saímos de nós e entramos numa estratosfera de amor. Só tenho pena de não terem entrado mais cedo mas o fim, às vezes, é difícil de perceber e sobretudo de aceitar”, afiançou.
“Sei que o vamos guardar sempre, cada vez que nos sentarmos à mesa, cada vez que formos ao Minho, cada vez que reparar nos meus calcanhares a levantar. Ele vem comigo. E que estará de certeza, lá em cima, a olhar pela minha mãe e a perguntar-lhe, ao almoço, o que é que vai ser o jantar”, rematou.