Vencedora de dois Oscars, Sally Field relatou a sua experiência traumática na adolescência, quando fez um aborto ilegal, incentivando ao voto em Kamala Harris, na corrida à Casa Branca. A atriz, de 77 anos, apoia a candidatura democrata e outras iniciativas eleitorais “que poderiam proteger a liberdade reprodutiva”.
Num vídeo publicado no Instagram, Sally Field partilhou uma “história horrível” da sua vida para manifestar o seu apoio à candidatura presidencial democrática de Kamala Harris e Tim Walz à presidência dos Estados Unidos, assim como a todos as iniciativas eleitorais “que poderiam proteger a liberdade reprodutiva”.
A atriz contou que, aos 17 anos, fez um aborto ilegal em Tijuana, no México. “Ainda me sinto muito envergonhada sobre isso porque fui criada nos anos 50, e isso está enraizado em mim”, admitiu.
Emocionada, diz que decidiu interromper a gravidez num momento de grande fragilidade. “Não tive escolhas na minha vida, não tive muito apoio familiar ou financeiro. … Eu não sabia o que seria. E então descobri que estava grávida”, recordou.
Sally Field, de 77 anos, contou que o aborto foi realizado com um amigo próximo da família: “Ele estacionou a cerca de três quarteirões e disse: ‘estás a ver aquele prédio ali em baixo?’ Ele deu-me um envelope com dinheiro e eu deveria entrar naquele prédio, dar o dinheiro e depois voltar”.
Segundo a própria, foi tudo realizado sem anestesia, tendo sido “uma experiência horrível e transformadora”. “Mudou a minha vida”, sublinhou a também cantora, acrescentando que, “quando terminou, eles disseram: ‘Vai, vai, vai, vai, vai!’, como se o prédio estivesse a pegar fogo”.
Aconteceu antes de o Supremo Tribunal dos Estados Unidos permitir o aborto a partir da decisão Roe v. Wade, que acabou revertida em 2022. Ou seja, foi um aborto ilegal.
“Sinto que muitas mulheres da minha geração passaram por acontecimentos semelhantes e traumáticos e sinto-me mais forte quando penso nelas”, destacou ainda a veterana atriz, que começou a tentar a sorte no cinema após o sucedido.
Como salientou, “não se pode voltar atrás e fazer isto às nossas meninas e às nossas jovens mulheres, e não ter respeito pela saúde e pelas suas decisões sobre se sentirem capazes de dar à luz uma criança nesta altura. Não podemos voltar atrás. Temos de nos erguer e lutar”.
O testemunho da veterana atriz foi partilhado por Kamala Harris, que concorre à Casa Branca contra o republicano Donald Trump.