A morte da mãe e a doença do filho. Pedro Laginha confessa momentos de angústia

Dois dramas que o marcaram para sempre. Pedro Laginha recordou na tarde deste sábado a morte da mãe e a doença do filho. O ator mostrou, pela primeira vez, o lado pessoal em entrevista ao “Alta Definição”.

Como nunca ninguém o viu. Pedro Laginha, o diretor do centro de saúde da série da SIC “Golpe de Sorte”, foi este sábado entrevistado por Daniel Oliveira para o programa “Alta Definição”. O também músico abordou alguns temas sensíveis da sua vida, como a doença do filho, Afonso e a perda da mãe.

“Tive medo de perder o meu filho. Um medo de perder um filho é arrebatador, tiram-te o tapete debaixo dos pés, foi o momento em que mais medo tive na vida”, começou por explicar Pedro Laginha, que contextualizou a doença.

“O meu filho andava um bocadinho encurvado, nós sentíamos que ele tinha ali qualquer coisa na coluna e descobriu-se um problema no tronco. Foi fazer um extralongo e depois uma ressonância. Descobriram uma coisa deste tamanho (exemplifica com as mãos) dentro dele. Era algo para ser tratado… para ontem”.

“No momento em que te dizem que isto tem 50 por cento maligno, tu de repente equacionas uma coisa que nunca pensaste: o teu filho ir à tua frente e tu veres o teu filho a morrer”, acrescentou a Daniel Oliveira, com lágrimas nos olhos.

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“Foi muito duro o IPO, porque acabas de conviver com crianças que têm cancro e pais que têm uma força sobre-humana. Fizemos biopsias e exames, pensámos que podia ser pior e tomámos a opção de não lhe dizer, ele tinha 11 anos e não saberia lidar com isso”.

Mas tudo acabou por ter um final feliz: “Felizmente, o que ele tinha era benigno, mas teve teve se fazer uma opção complicada, foram meses da minha vida nos quais eu tive medo todos os dias”.

A família de Pedro Laginha mudou, então, os hábitos alimentares: “Mudamos a alimentação de todos para que não houvesse nada de mal. Foi um momento de transformação muito grande. A função de um pai e de uma mãe é estar lá e dar força. Foi um golpe de sorte termos encontrado aquilo!”, resumiu.

O ator comentou, em seguida, a morte da mãe, Isabel. “Não queria que o meu filho desmoronasse, então tive de lhe dizer aquilo de uma forma bonita. Disse-lhe que a avó Isabel foi para um lugar melhor. Acredito que está a olhar por nós, o espírito e a energia dela”.

“Mesmo a minha filha mais nova, a Eva, que não conheceu a avó, tem a memória presente. Os meus filhos ajudaram-me a ficar em paz”, disse ainda.

“Demorei dois anos a ultrapassar a morte da minha mãe, porque foi muito repentina. Ela passou o verão de 2008 com vómitos e dizia que era de algo que comeu. Explicámos que tinha passado o verão todo assim e percebeu-se que tinha um cancro. Desde que soubemos o que ela tinha até ao momento em que morreu foram dois meses”, lembrou.

“Tu alimentas a esperança que se vai resolver e que vai responder bem à quimioterapia. Mesmo quando te dizem que é uma questão de dias. Se calhei demonstrei o afeto todo que estava reprimido”.

Pedro Laginha recordou, finalmente, o dia em que Isabel morreu: “Na altura estava a fazer o ‘Cabaret’, no Teatro Maria Matos e fiz a peça com ela na cabeça. O meu irmão disse-me que ela estava tranquila. Acabei o espetáculo e ela faleceu às três da manhã. O Diogo Infante, o encenador, foi fantástico e cancelou o espetáculo durante três dias”, rematou.

TEXTO: Rui Pedro Pereira

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