Os quatro meses em coma de Cristina Caras Lindas. “Quando for a hora, quero ter uma morte assistida”

Dois anos depois de ter estado doente, quatro meses em coma num hospital, Cristina Caras Lindas tem uma certeza: “Nunca se está preparado para o sofrimento”. E garante que, “quando chegar a hora”, quer ter “uma morte assistida na Suíça”. “Dois minutos e pronto”…

Em entrevista ao programa “Alta Definição, na SIC, este sábado, a antiga apresentadora de televisão recordou que quando chegou ao hospital, ninguém lhe dava esperança de vida. “Os médicos disseram-me às minhas filhas que tinha o pulmão e o rim direito desfeitos, uma gripe A e uma pneumonia e disseram-me que eu não me salvava”, contou a Daniel Oliveira.

“Quando eu cheguei ao Amadora Sintra ninguém quis pegar em mim, porque eu era um caso perdido. Só a minha médica acreditou. Se não fosse a Drª Cecília Lobo, eu não estaria aqui”, sublinhou.

Quando acordou do coma, “sem conseguir fazer nada, só queria morrer”. “Mudavam-me a fralda. Imaginas o que é isso? Mudarem-me a fralda? Sem privacidade, nada. Não conseguia mexer a mão. Só queria morrer”, admitiu.

A comunicadora confessou que, ainda hoje, tem dificuldades em acreditar como superou os problemas. “Todos os dias agradeço ao universo por estar viva. Todos os dias”, afirmou. E acrescentou que só pede saúde. “Peço ao universo que me leve quando tiver de ser. Mas que me deixe enquanto tiver saúde, alegria, capacidade de rir”.

Emocionada, Cristina Caras Lindas falou do abandono que sentiu por parte dos colegas. “Ninguém da nossa área me quis ajudar, se preocupou. Está toda gente a ver onde pode tirar sangue. Só o Júlio Isidro, que é um senhor, me perguntou ‘Cristina, o que é que precisas? Vou ajudar-te, não fiques triste’. Da nossa área não houve ninguém que dissesse ‘Cristina, o que é que precisas?’ Não. E eu tenho ajudado muita gente da nossa área. Isso dói muito. Perceber que esta gente está toda cheia de si, não para pensar”.

E continuou: “Até houve uma pessoa – nem vou falar de quem para não lhe dar crédito – que só falava da minha imagem. ‘Ai, está tão gorda’”.

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“Paguei uns juros altos na minha vida. De tudo. De ter conseguido o que consegui na minha carreira. Fiz tudo aquilo que quis na televisão. E de repente, puf”, desabafou a apresentadora, que deu a cara por programas na TVI e na RTP.

Apesar de “ter ajudado muita gente” com os seus programas, Cristina Caras Lindas diz que “nunca ninguém está preparado para o sofrimento”.

Afastada da televisão e depois da doença, Cristina Caras Lindas só quer trabalhar. Mas deixa claro: “Nunca me vendi, nem me vendo. Fizeram-me propostas que eu não aceitei. Provavelmente, hoje seria diretora de qualquer coisa”

TEXTO: Nuno Azinheira

 

 

 

 

 

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