António Pedro Cerdeira contou que vestir a pele de um homossexual na novela da TVI ao lado do ator Fernando Pires suscitou reações diferentes. Na rua, os espectadores “brincam”. Em gravações, a equipa técnica mostrou-se pouco à-vontade.
As personagens Paulinho, um mecânico homossexual assumido em “A Impostora”, e Valentim, um vendedor de fruta e pai de família que fingia ser heterossexual na mesma novela, foram protagonistas de cenas mais ousadas na trama da estação de Queluz de Baixo. António Pedro Cerdeira, intérprete do primeiro, revelou que, “na rua, as pessoas brincam” com o facto de o ator vestir a pele de um gay.
Já as reações de maior incómodo surgiram da equipa técnica. “Curiosamente, a maior parte das reações que tive foram as de pouco à-vontade das pessoas que estavam connosco, da equipa técnica. Quando, por exemplo, tínhamos as cenas mais íntimas, mais afetuosas. Por provocação, nós íamos mais longe”, afirmou em declarações ao “Jornal das 8” desta quinta-feira, onde esteve para falar da luta contra o preconceito a propósito da edição de julho da revista “Cristina”. A publicação da apresentadora do “Você na TV” traz duas capas com dois casais do mesmo sexo.
“Tivemos o cuidado de avisar a figuração, que era muita em determinadas cenas, mas senti as pessoas ficaram pouco à-vontade. Perguntavam: ‘Então, e não custa?’. Para nós foi tão simples como beber um copo de água”
O parceiro de elenco acrescentou não ter tido “nenhuma abordagem na rua que fosse crítica” negativa.
António Pedro Cerdeira já tinha dito que o papel de Paulinho é “um dos melhores de sempre” da sua carreira. E foi isso que o levou a pedir à produção a cargo da Plural Entertainmente que acrescentassem “mais cenas”. “Achavamos que era tudo um pouco tímido”, justificou. “Havia falta de carícia, do que é normal ver-se entre pessoas heterossexuais, do beijo, da aproximação, do agarrar”, acrescentou o Fernando Pires.
TEXTO: Ana Filipe Silveira
