Betty Faria: “Envelheço e tenho papéis menores… adoro!”

Fotografia: MIKE SERGEANT

De passagem por Portugal para gravar a série “Codex 632”, a atriz brasileira revela porque não faz questão de ser protagonista. Aos 81 anos mantém a elegância e garante que continua a gostar de “pôr uma roupa”.

Betty Faria esteve nos últimos dias a gravar em Lisboa a nova série da RTP1 que é uma adaptação de “Codex 632”, o “best seller” do jornalista José Rodrigues dos Santos. Protagonizada por Paulo Pires e Deborah Secco, a trama conta ainda no elenco com a atriz Ana Sofia Martins.

Desta vez, a intérprete, de 81 anos, não é a protagonista, algo que valoriza. “As atrizes vão envelhecendo e tendo papéis menores, o que eu adoro! Não tenho nada que reclamar, porque se eu fosse uma protagonista agora ia estar chateada porque ia gravar todos os dias e todo o tempo”, diz, entre sorrisos, à conversa com os jornalistas num hotel em Lisboa.

“Se você tem um físico pronto para fazer uma mulher elegante, pode fazer, assim como uma mulher do povo, se mudar a postura. Agora, se você só cuidou da postura, fica com o seu trabalho limitado”, acrescenta. “Isto é a minha máquina, uso para qualquer personagem, não sou obcecada por me cuidar, mas gosto de poder pôr uma roupa”.

A energia, aos 81 anos, “é a vida”. “Tenho muita gratidão por estar aqui, pelas pessoas, por estar viva. Às vezes, quando a tristeza aparece, luto seriamente com ela e também tenho maneiras que me seguram e ajudam”.

Betty Faria explica: “Há 25 anos encontrei uma filosofia budista de causa-efeito, que me encantou. Sempre fui muito rebelde para coisas religiosas. Agora, quando há alguma ligação negativa, faço mantra”.

A filosofia budista acabou por ser essencial quando adoeceu, recentemente, em Espanha. “Em Madrid fiquei doente e fui para um hospital e fui tão maltratada… porque lá eu não sou famosa”, lembra. “Vi como se trata uma velha estrangeira. Coitadinhas das velhas estrangeiras! E era um hospital particular”.

“Disseram-me que o hospital público estava cheio de covid. Dizia que não queria morrer ali. Fiquei um fim de semana e as minhas netas apavoradas. O que não me deixou entregar foi o mantra budista”, garante.

Sobre a passagem por Portugal, Betty Faria deixa os maiores elogios. “A aventura foi uma delícia. Adoro vir para Portugal e viajar para cá para trabalhar com uma equipa tão boa, foi um prémio”.

Finalmente, descreve brevemente a personagem: “É uma brasileira que conheceu um pesquisador em França, quando estavam num movimento estudantil. As pesquisas dele são ameaçadoras, porque contradizem tudo o que estudámos de História”, remata.