Entrevista a João Adelino Faria: “O debate desta noite potencia uma das maiores audiências de sempre em prime time”

Fotografia: Divulgação RTP

O jornalista da RTP1 João Adelino Faria, que esta noite vai estar com Clara de Sousa e Sara Pinto no debate decisivo entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro, revela os bastidores do frente a frente.

O Capitólio, no Parque Mayer, em Lisboa, recebe esta noite o debate decisivo entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro rumo às eleições Legislativas de 10 de março, com moderação de Clara de Sousa, pela SIC, Sara Pinto, pela TVI, e João Adelino Faria, da RTP. O jornalista contou ao JN algumas curiosidades daquele que “pode ser uma das maiores audiências de sempre em prime time”.

O debate decisivo entre Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro é esta noite. Como costuma preparar uma entrevista tão decisiva?
Considero que todos os debates são decisivos. Para cada um dos líderes partidários, confrontar adversários e potenciais aliados na televisão, em frente por vezes de mais de um milhão de telespectadores, é determinante para cada um dos respetivos eleitorados. Este em particular é ainda mais decisivo porque há muito eleitorado indeciso e por isso pode ser determinante para os candidatos.

Os debates costumam ter grandes audiências. Esta segunda-feira promete não ser diferente…
Este debate é transmitido em simultâneo pelos três canais generalistas o que potencia uma das maiores audiências de sempre em prime time. A preparação de todos os debates foi feita com muitas horas, diria mesmo algumas semanas seguidas, de leitura intensiva de programas eleitorais, de análise das intervenções políticas e ainda de entrevistas dos vários candidatos. Leio todos os programas eleitorais em determinadas matérias especificas para depois comparar como que dizem e defendem publicamente os líderes partidários. Além do estudo convém também pensar e refletir sobre o que já foi debatido para encontramos ângulos novos de abordagem e, sobretudo, tentar obter respostas mais claras para os eleitores.

Uma vez que há mais dois pivots, da SIC e da TVI, como foi a preparação a três antes, presencial ou virtual?
Somos três e já trabalhámos juntos várias vezes, o que facilita a tarefa. Eu, a Clara de Sousa e a Sara Pinto reunimos várias vezes para selecionar os temas e dividir as várias partes do debate, que vai ter 75 minutos de duração. Temos os três uma boa ligação profissional e pessoal, o que tem facilitado a tarefa. Depois das reuniões, cada uma faz a sua preparação individual e depois voltamos a reunir para comparar notas e dar sugestões uns aos outros sobre questões a levantar. Trabalhar com duas profissionais tão competentes como a Clara e a Sara é um privilégio e uma segurança para um debate desta dimensão.

Como organizam as perguntas para não haver sobreposição?
Dividimos áreas e matérias, e cada um sabe o que o outro vai perguntar. Temos sempre um plano inicial, mas obviamente que o debate tem vida própria e temos de ter capacidade de nos adaptarmos a alterações e surpresas. Como temos um bom companheirismo profissional conseguimos fazer alterações no momento, naturalmente, com um simples olhar ou gesto. Confiança uns nos outros é a chave para que corra bem!

Gosta deste género de cooperação profissional?
Muito. É desta forma que sentimos estarmos todos a caminhar no mesmo sentido. Neste tipo de debate conjunto estamos a tentar prestar um serviço a Portugal. Uma forma de levar os potenciais candidatos a primeiro-ministro a explicar o que os distingue e o que os torna mais confiáveis para gerir os destinos do país. Neste tipo de emissão televisiva não há concorrência, há cooperação e muito empenho das três televisões para que se possa ajudar de facto a Democracia portuguesa.

Quanto ao local do debate, o Capitólio, visita o espaço antes para se ambientar ou só estará lá no próprio dia?
Vou só no próprio dia. Umas horas antes para sentir o espaço, saber onde nos sentamos, quantas câmaras temos… etc.

Os debates políticos suscitam boas audiências televisivas. Tem a sensação de que os portugueses estão atentos a estas entrevistas?
Mais do que nunca. Sinto que, com o que está a acontecer no mundo e em Portugal, os portugueses percebem que a democracia tem de ser exercida para não se perder. Que é preciso votar para podermos mudar o que está mal e melhorar a vida de todos nós. Muitos estão ainda indecisos e confusos em quem votar. A nossa missão enquanto jornalistas é tentar esclarecer. Espero que as três televisões juntas tenham ajudado e continuem a ajudar desta forma todas as pessoas a votar com mais consciência no próximo dia 10 de março.